sexta-feira, 30 de maio de 2014

Brasil 247: O ASSOMBRO DO CRAQUE INIESTA E A INTOLERÂNCIA FASCISTA DAS “ELITES” BRASILEIRAS



Iniesta, um dos craques do Barcelona, igualmente a outras pessoas famosas em suas atividades, diz não compreender tantos protestos no Brasil, porque, para ele, o povo deveria celebrar. O craque afirma essas palavras porque ele, sem sombra de dúvida, não desconhece a atuação da imprensa-empresa que viceja no Brasil, controlada por seis famílias bilionárias, sendo que a família mais rica deste País é composta pelos irmãos Marinho, que juntos têm um patrimônio estratosférico e particular de quase US$ 30 bilhões.

Essas pessoas por serem tão ricas e poderosas economicamente e financeiramente são capazes, por exemplo, de boicotar e sabotar durante 12 anos os governos trabalhistas de Lula e Dilma Rousseff, de carácteres populares e eleitos pelo povo sem a menor preocupação com a estabilidade política e a harmonia entre os Poderes da República. O que está em jogo no pensamento pernicioso e hegemônico dessa gente é a supremacia das classes sociais as quais representam, bem como manter intactos os benefícios e privilégios da Casa Grande, com o apoio incondicional das classes médias tradicionais, de maioria branca, responsável principal pela repercussão dos valores e dos princípios da grande burguesia.

O craque espanhol Iniesta não conhece (e não o critico) a história do Brasil e muito menos a vocação destrutiva, a língua ferina, o preconceito latente e o imenso desprezo que as classes dominantes e, por sua vez, privilegiadas sentem, demonstram e praticam contra o Brasil e a maioria de sua população. Desde que o Brasil conquistou o direito de realizar a Copa do Mundo e também as Olimpíadas aconteceu uma grande festa popular no País, inclusive com o apoio e a cobertura da Rede Globo, que, por exemplo, cobriu jornalisticamente a grande festa que houve nas areias das praias de Copacabana.

Com o passar do tempo e a demonstração de força do crescimento do Brasil, em todos os campos e segmentos econômicos e sociais — uns mais e outros menos —, os magnatas bilionários de imprensa ou de todas as mídias, à escolha, perceberam que apoiar a Copa, celebrá-la e dar um enfoque positivo para tal evento histórico, a ser realizado no Brasil, poderia prejudicar seus interesses políticos. Até porque os econômicos, realmente, vão ser atendidos, pois os lucros gigantescos que essas corporações midiáticas privadas vão auferir é para fazer com que os outros setores da economia sintam inveja e vontade de mudar de ramo.

A verdade é que o jogador Iniesta, instintivamente, sabe que uma Copa é momento de celebração, independente de questões sociais e econômicas que determinado país enfrenta, afinal todas as sociedade e nações enfrentam problemas, inclusive as consideradas ricas e desenvolvidas. Os EUA e os europeus ricos da Europa ocidental realizaram, no decorrer das décadas, inúmeros eventos, e em muitos desses países foram observados pela imprensa e pelos governos atrasos em obras, falhas em determinados setores e, evidentemente, que aconteceram protestos e enfrentamentos entre policiais e manifestantes.

Se algum leitor duvida, que pesquise e verifique. Ponto! Contudo, transformar a Copa de 2014 em um evento desprezível e que por isso não deveria acontecer no Brasil é um desejo de uma minoria radical, insuflada há sete anos ininterruptamente por uma mídia venal e historicamente golpista, que, apesar de encher seus cofres com bilhões de reais por causa dos jogos, considera que desacreditar ou infamar a Copa é a opção plausível para que a direita brasileira, uma das mais perversas do mundo, conquiste pontos junto ao eleitorado desavisado, e, obviamente, conservador.

A imprensa que luta para atrair os incautos e ignaros, principalmente os jovens, que conhecem pouco da história do Brasil e quase nunca estão dispostos a ler, além de se transformar em massa de manobra de uma imprensa burguesa, a que eles têm acesso e que somente ouve um lado, porque tem preferência partidária e cor ideológica. A imprensa-empresa do jornalismo meramente declaratório e evidenciado por intermédio de offs — o que é por de mais questionável. A imprensa alienígena, de péssima qualidade editorial, que se recusa a discutir e a debater o País de forma séria, para que a sociedade brasileira possa crescer e se desenvolver, e, por seu turno, conquistar definitivamente a sua emancipação política e econômica.

Às vezes fico a rir. E explico. É sobre a frase que virou bordão nas redes sociais, na imprensa e nos protestos. "Quero o padrão Fifa!" Não há nada mais ridículo e equivocado. Os grupos de extrema esquerda exemplificados em militantes do PSTU e, principalmente, no que tange aos integrantes do PSOL, além dos Black Blocs, que cometem, sim, senhor, atos de terrorismo — explodir coquetéis molotovs em recintos fechados, públicos e privados, ônibus, ruas e praças ocupadas por pessoas é uma temeridade, além de ser crimes que não deveriam ser tolerados e punidos exemplarmente com a força da lei —, estão a exigir o "padrão" Fifa, juntamente com os coxinhas de classe média, que detestam esses grupos, mas os apóiam pelas redes sociais porque desejam a derrota do PT e do Governo Trabalhista nas eleições presidenciais, que acontecerão em outubro.

Como afirmei antes, o bordão é ridículo e sem sentido, porque a Fifa é considera por essas pessoas, mascaradas ou não, uma instituição corrupta, criminosa, uma verdadeira máfia, que só pensa em lucro, além de não ter quaisquer compromissos com países, governos e sociedades. Enfim, a Fifa é um "covil de ladrões e bandidos", como apregoam esses mesmos grupos radicais e que são financiados pela extrema esquerda, com a participação da direita, que utiliza "seus" meios de comunicação privados (televisões, rádios, internet, redes sociais etc.) para disseminar notícias negativas contra o Governo Trabalhista e apoiar os movimentos de rua.

Uma imprensa comercial e privada detestada pelos movimentos de classe, os sociais e reivindicatórios, que, temendo ser agredida, bem como ouvir palavras de ordem e palavrões resolveu realizar suas coberturas jornalísticas por intermédio de helicópteros, porque sabe e compreende que os mesmos grupos, que atacam o Governo Federal, também conhecem o papel da imprensa corporativa e sectária, que jamais vai estar, de fato, ao lado dos trabalhadores, como nunca esteve em toda sua nada honrada história.

Entretanto, com o propósito de derrotar o Governo Dilma, os magnatas bilionários, além de dar voz às greves de categorias que ocupam as ruas, de forma autoritária, a prejudicar a rotina das grandes e médias cidades, porque a verdade é que as greves se tornaram não mais um meio para forçar o diálogo e conquistar benefícios junto aos patrões e governantes, mas, evidentemente, muitas delas se transformaram apenas em luta política, o que é um erro, sendo que o brado mais ouvido é sobre a queda, a derrubada de governantes eleitos dentro de um processo democrático, a ter a Constituição e as leis eleitorais como inspiração.

Todo trabalhador tem direito à greve. Mas, nem toda greve é direcionada para os legítimos direitos de o trabalhador viver com dignidade e respeito. O que eu mais faço em décadas é defender o trabalhador. Todavia, é visível a intenção de algumas poucas categorias no que diz respeito a paralisar as cidades por meio da ocupação de suas principais vias. Como também é visível, mas nem sempre transparente as ações violentíssimas dos Black Blocs e de grupos menos expressivos no que concerne à violência, a exemplo dos coxinhas fantasiados com máscaras do anonymous, a portar cartazes ridiculamente e que praticamente sumiram das ruas.

E por quê? Porque coxinha gosta de reclamar, falar mal e demonstrar sua violência e seus preconceitos de classe, de credo, de raça e de nacionalidade por intermédio da internet. Lá, o coxinha reacionário, egoísta e presunçoso se agiganta, e, geralmente, de maneira anônima, porque coxinha de classe média que se preza não mostra sua cara, porém, evidencia, com prazer e brutalidade, sua língua ferina, sua mente corrompida e seu coração perverso. O coxinha é o black bloc em online — virtual. Trata-se de um covarde e oportunista. Tanto o é que logo no início das primeiras manifestações de junho de 2013, a classe média tradicional saiu à ruas, a aproveitar a oportunidade que o Movimento Passe Livre (MPL (entidade de esquerda) "proporcionou" a eles.

Explico melhor: quando o MPL saiu às ruas e foi atacado pela polícia, os meios de comunicação privados cobriram o episódio de forma a fazer com que houvesse mais do que uma questão reivindicatória, mas, sim, de ordem emocional. Quando grupos da esquerda radical saíram para apoiar, os coxinhas, antes mesmo de os black blocs aderirem ao movimento, saíram às ruas, com cartazes e algumas máscaras do anonymous. A partir da intervação dos grupos vestidos de preto e mascarados, o pau quebrou.

A classe média que é tão violenta, sectária e reacionária em pensamento e na internet recuou e foi dar continuidade ao que ela já faz há muito tempo, que é xingar, ofender e demonstrar todo seu descontentamento com a ascensão de brasileiros pobres, remediados ou cuja origem é a classe média baixa. Além disso, como já afirmei várias vezes, a classe média tradicional se considera a porta-voz dos valores ocidentais, ou seja, da sociedade estadunidense e dos ricos do Brasil.

Além de ela ser portadora de um incomensurável e inenarrável complexo de vira-lata, a classe média tradiconal se considera também a responsável pelos valores cristãos, apesar de Deus ou Jesus pregarem que a intolerância, o racismo, a violência, o preconceito de classe e o ódio às minorias e aos desiguais e diferentes são pecados, o que, indubitavelmente, não foi compreendido pelos coxinhas, que, no fundo, são ideologicamente mais violentos que os black blocs. Que o digam suas mensagens intolerantes e rastaqueras veiculadas pelas redes sociais. Fascismo na veia. Bingo!

O craque do Barcelona e da Seleção da Espanha, Iniesta, tem razão, mas se ele conhecesse a sociedade brasileira com profundidade não ficaria tão surpreso. Aqui vicejam os que reclamam com a barriga cheia, mas não querem que todos os brasileiros enchem as suas. O Brasil tem uma "elite" acostumada a ter tudo somente para ela e por causa disto não está acostumada a dividir. Apesar dos avanços formidáveis nos últimos 12 anos, ainda somos um sociedade injusta e desigual. Uma Nação que ao mesmo tempo foi vítima e algoz da escravidão de quase 400 anos.

A maioria dos burgueses e dos pequenos burgueses é um retrocesso quando se trata de compreender historicamente e politicamente o Brasil para que se possa construir uma sociedade humanitária e solidária. Eles reagem fortemente mesmo sabendo que dividir, promover a igualdade e a justiça social vai favorecer e beneficiar a sociedade. Sempre me "surpreendo" e fico indignado com tanta intolerância e ausência de senso crítico por parte de grupos sociais que há cerca de 150 anos frequentam as universidades brasileiras e estrangeiras. É um contrassenso total. Iniesta é grande jogador e não compreende. Não poderia ser diferente. Eu compreendo e por isto é mais do que necessário que o campo da esquerda e trabalhista vença as eleições de outubro. É isso aí.

por DAVIS SENA FILHO

http://www.brasil247.com/+yzzhh


“A Copa do Medo”, o falsificador e o terrorismo dos brucutus atucanados


picareta


3 de março de 2014 | 12:10 Autor: Fernando Brito


Alertado pelo Diário do Centro do Mundo, fui ler no UOL a história da falsificação da reportagem da France Football sobre ”a Copa do Medo” no Brasil.


“O jornalista francês Éric Frosio, de 36 anos, se surpreendeu ao saber que uma reportagem que havia escrito sobre a Copa do Mundo no Brasil para a publicação francesa France Football estava sendo compartilhada por centenas de milhares de brasileiros na internet. Não demorou muito, porém, para Frosio se decepcionar ao notar que o texto que estava sendo compartilhado não tinha nada a ver com aquele que ele tinha produzido.


Uma falsa versão do texto, que cita frases atribuídas de forma errada à revista francesa e que, supostamente, mostram problemas do Brasil, teve mais de 200 mil compartilhamentos no Facebook. “Fiquei surpreso e chateado. Usaram a credibilidade da revista para passar ideias erradas, coisas que não escrevemos”, disse Frosio ao UOL Esporte. “Acredito que tenham feito isso com o objetivo de atacar as políticas da presidente Dilma Rousseff, que tentará a reeleição.”


E foi mesmo, Éric.


O autor da falsificação foi um cidadão chamado Luiz Surianni, que se identifica como jornalista formado em Harvard e presidente de várias entidades, entre elas uma Federação de Centros Espíritas e de Candomblé.


Surianni, um coxinha tardio, é só um exemplo da picaretagem que está tomando conta da rede – patrocinada por uma direita sem perspectiva eleitoral – e, pior, da vida brasileira.


Não passa de um imbecil fanático, espumando ódio e fazendo das suas na periferia das rodas tucanas, que adoram um brucutu sem ética como ele. Uma rápida pesquisa mostra que o cidadão diz dirigir uma“fundação” que leva seu nome para captar dinheiro “para crianças com câncer, uma empresa de lobby, uma “Imprensa Press Brasil” e outras instituições imaginárias.


O melhor da história toda é que o francês Éric faz uma observação muito interessante, que merece nossa reflexão.


“Com relação à percepção que os estrangeiros têm do Brasil, o jornalista acredita que a violência seja o assunto mais lembrado. “Nas outras Copas que cobri, na Alemanha, na França, a gente fica com a ideia de que é só diversão, futebol e alegria. Aqui também vai ter isso, mas a violência estará presente”, afirma o repórter. “Essa é a primeira pergunta que me fazem sobre o Brasil: ‘É violento? É perigoso?’ Achava que isso estava mudando. Mas esse ano, principalmente no Rio, parece ter voltado.”


Sim, Éric, está voltando e a origem, se você pensar um pouco, é o “pacto entre anormais” firmado pela mídia, coxinhas, extrema direita e oposição.


Eles precisam do medo a que se refere a revista, porque não tem outra forma de voltar ao poder, senão assustando de todas as formas e sem nenhuma ética, como você mesmo viu com a falsificação de sua matéria, o povo brasileiro.

do "Tijolaço"

http://tijolaco.com.br/blog/?p=14880

Veja pressionou Ronaldo a virar a casaca: “Está pisando num campo minado”



Ele foi chamado de “imbecil” pelo escritor Paulo Coelho, quem, em 2007, integrou comitiva que acompanhou a escolha do Brasil como sede da Copa de 2014. Sete anos depois, Coelho  atacou a organização do evento e chamou o ex-jogador Ronaldo de “imbecil” ao dar entrevista ao jornal francês “Le Journal du Dimanche”, com vistas a se “imunizar” politicamente.
Coelho criticou o ex-jogador por defender a realização da Copa no Brasil. O escritor se integrou a um time no qual Ronaldo acaba de ingressar, composto por personalidades que, por conveniência e/ou medo da mídia, criticam os preparativos do país para a competição ou mentem sobre a origem dos recursos para realizá-la
Até há pouco, Ronaldo Vinha sendo uma voz dissonante. Defendia a realização da Copa e, aparentemente, colaborava com os esforços do governo federal. De repente, aparece ao lado de Aécio Neves fazendo apologia do pré-candidato do PSDB a presidente e criticando duramente a organização do campeonato no Brasil.
O que parece estar passando despercebido é que Ronaldo, entre tantas outras personalidades, sofreu fortes pressões para virar a casaca. E não é de hoje. Em 6 de abril do ano passado, reportagem da revista Veja o ameaçou.
A reportagem A Jogada mais ousada de Ronaldo, o dono da Bola no país chamou o ex-jogador de “Figura mais influente do futebol brasileiro” e o ameaçou: “Ele encara o risco de arranhar sua imagem na Copa do Mundo de 2014”.
Após sua aposentadoria, Ronaldo vinha sendo chamado pela mídia esportiva de “Um homem de negócios do futebol”. A Reportagem de Veja deu início a fortes pressões que o ex-craque sofreu para mudar de time, ou seja, para parar de defender um projeto no qual se integrara desde a primeira hora.
Abaixo, trecho da matéria de Veja que, há mais de um ano, já “alertava” Ronaldo: “Caso o Mundial seja um fiasco, ele será capaz de afirmar, ao vivo na tela da Globo, que o comitê organizador que ele próprio integra fracassou?”.
O que impressiona na matéria de Veja é que, reiteradamente, “avisa” Ronaldo de que defender a realização da Copa no Brasil pode lhe trazer problemas nos negócios. Mais um longo parágrafo da matéria de abril do ano passado termina com novo “aviso”. Abaixo, outro trecho.
Mais alguns infográficos, fotos etc. e a matéria de Veja repete a dose. Pela terceira vez, a matéria “avisa” Ronaldo para que fizesse o que acabou fazendo um ano e algumas semanas depois. Abaixo, o terceiro trecho ameaçador de Veja.
Mais um parágrafo, mais uma ameaça. Abaixo.
A repetição da ameaça de que Ronaldo poderia “se dar mal” ao emprestar seu prestígio converte-se em um mantra. A matéria de Veja parece tentar lavar a mente do ex-jogador, “avisando-o” de que estaria “arriscando” o “futuro dos seus filhos”. Abaixo, uma incrível quinta ameaça em texto tão curto.

O último gigantesco parágrafo da matéria de Veja culmina com a exibição de um Ronaldo diametralmente diferente desse que a Folha de São Paulo usou na semana passada em manchete principal de primeira página para atacar o governo usando a organização do evento. Em abril de 2013, Ronaldo negava tudo que continuou dizendo até há pouco, antes de finalmente ceder a essa e a outras pressões que sofreu para virar a casaca. Abaixo, o trecho final da matéria de Veja.
Como se vê, não foi à toa que o jovem de origem humilde que venceu na vida às custas do próprio talento traiu a si mesmo de forma tão patética. A matéria de Veja é apenas a ponta do Iceberg das pressões que vinha sofrendo para se unir aos grupos de interesse distintos que contam com o fracasso do Brasil ao sediar a Copa para extrair dividendos políticos.
Seja pelo viés de críticas à organização da Copa, seja pelo da “denúncia” mentirosa de que dinheiro da saúde e da educação foi usado para realizar o evento no país, o aparato montado por grupos políticos de direita e de esquerda para desmoralizar o Brasil internacionalmente se vale de politicagem barata e do mais puro fascismo. E nada mais.

por Eduardo Guimarães em seu "Blog da Cidadania"

http://www.blogdacidadania.com.br/2014/05/veja-pressionou-ronaldo-a-virar-a-casaca-esta-pisando-num-campo-minado/

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Fernando Brito: "O conservadorismo brasileiro, insuflado pela mídia, tornou-se hidrófobo"



Tenho, nos últimos dias, insistido num fenômeno que observei e que os fatos, a cada dia, só têm confirmado.

É democrático e respeitável discordar e fazer oposição.
Mas o conservadorismo brasileiro, insuflado pela mídia, tornou-se hidrófobo.
E isso está se voltando contra ela própria.
Hoje, na Folha, o colunista esportivo Juca Kfouri faz um texto em que, criticando os exageros sectários de parte a parte, elogiou o comportamento de Dilma Rousseff no diálogo com os jornalistas esportivos, semana passada, no Palácio do Planalto.
Foi o que bastou.
Desencadeou-se sobre ele uma tempestade de comentários ofensivos, grosseiros e mesmo xingamentos.
Vocês verão que, com o passar dos dias, isso vai acontecer mais e mais vezes.
Esta campanha passará a uma polarização maior, muito maior, que a de 2010, por obra da direita.
Não importa que isso venha a ser, para ela própria, um harakiri político eleitoral.
Este modesto blogueiro, com os anos de estrada que tem – e, sobretudo, com 20 anos mais do que os petistas em matéria de levar pauladas da imprensa diariamente, Brizola que o diga - não confunde firmeza com histeria, nem clareza com grosseria.
Vivemos uma maré lacerdista como jamais se viveu por aqui, nem com a candidatura Serra, talvez porque não haja outro esteio para suportar Aécio Neves senão o ódio babujante a Lula e a tudo o que ele representou e representa.
E a radicalização da direita está criando todas as condições para que se legitime, num grau muito maior do que numa disputa serena e equilibrada, a participação do ex-presidente como figura de proa pela reeleição de Dilma.
Faz tempo escrevi a aqui que o “volta, Lula” que se criou para desgastar Dilma teria efeito inverso.
Cabe ao Governo e às forças que o apoiam manter, ao mesmo tempo, a firmeza política que passaram a adotar desde abril, quando a curva das pesquisas chegou ao seu ponto mais crítico e a serenidade com as provocações – e não apenas provocações políticas – que vêm por aí.

por Fernando Brito no Tijolaço

terça-feira, 27 de maio de 2014

Tucanada: Rombo no Metrô é de R$ 30.537.954.531,00, de 1995 a 2013

segunda-feira, 26 de maio de 2014

"Está tão ruim? Então, vende o negócio e muda de país!", diz Luiza Trajano

A gente vive do consumidor, então é preciso ser muito transparente, diz Luiza TrajanoFoto: Regis Filho / Valor Econômico/Agência O Globo

Sem medo de ser feliz Luiza não teme ser vista como garota-propaganda do governo porque aposta no que dá certo


"Está tão ruim? Então, vende o negócio e muda de país!", diz Luiza Trajano Regis Filho/Valor Econômico/Agência O Globo



Luiza Helena Trajano Inácio Rodrigues, presidente do conselho de administração da rede de lojas Magazine Luiza, é diferente da maioria dos empresários brasileiros. Não só pelo fato de ser mulher — é uma das poucas na posição —, mas pelo viés otimista que enxerga o Brasil. Enquanto boa parte da iniciativa privada adota tom mais ácido ao falar das ações do atual governo, essa paulista de Franca afirma que prefere ver o copo "meio cheio" em vez de "meio vazio"e diz não temer ser vista como garota-propaganda do Planalto.



De tão identificada com a rede que comanda, Luiza é associada à marca. Na realidade, o nome vem da tia, Luiza Trajano Donato, que comprou uma pequena loja de presentes em 1957, A Cristaleira, com o marido Pelegrino José Donato.

Depois de quase dobrar de tamanho entre 2007 e 2010, a empresa sentiu as dores do crescimento. Em 2012, amargou prejuízo de R$ 6,7 milhões, resultado que empurrou o preço das ações para baixo e obrigou a empresa a diminuir o ritmo de expansão. Novas aquisições estão fora dos planos este ano, diz Luiza.

A meta em 2014 é crescer de forma sustentada. Para isso, conta com o bom desempenho das vendas no Rio Grande do Sul, que costuma visitar com bastante frequência. O hino rio-grandense ela já sabe de cor. Falta só aprender a tomar chimarrão.

Enquanto outras redes destacam a qualidade do produto ou o preço mais barato, o slogan da Magazine Luiza faz um convite: vem ser feliz!. Luiza Trajano é uma mulher feliz?
Eu sou muito feliz (risos). Felicidade é muito você aceitar as coisas da maneira como vêm. Há quatro anos, perdi meu marido subitamente e foi muito triste. Mas acredito que as coisas sempre vêm para que as pessoas possam desenvolver, melhorar. Lógico, sofremos, temos problemas. Mas felicidade é muito simples. É preciso querer ser feliz. Agradecer o que acontece de bom. Detesto a frase "era feliz e não sabia". Quando meu marido morreu, a única coisa que me consolava era isso. Eu era feliz e tinha sabido aproveitar isso.

O que a faz rir à toa?
Meus netos e boas vendas. Fico muito alegre vendo as pessoas crescendo e conseguindo vencer os obstáculos. Pessoas com garra e determinação, que não reclamam muito das coisas. Gente que faz acontecer, de princípios, que luta por uma causa.

Uma de suas marcas é o otimismo sobre o Brasil. É avaliação de cenário ou é nato?
Não é que eu seja otimista e ache que tudo está certo. Apenas costumo ressaltar também as coisas positivas. Vivemos uma onda de pessimismo. O Brasil incluiu 5 milhões de pessoas no mercado de trabalho e parece que não foi nada. Uma década atrás, quando tínhamos uma loja com 50 vagas ficavam 2 mil pessoas na fila por um emprego.

E agora, mudou?
Agora abrimos uma outra filial na mesma cidade no interior de São Paulo, Rio Preto, tinha só 100 pessoas. E metade já tinha emprego. Sou daquelas que gosta de ver o copo do lado cheio. O lado vazio tem muita gente para mostrar. O Brasil precisa de líderes que também saibam ver o lado positivo.

Há motivos para as queixas dos empresários?
Eu costumo dizer para os colegas empresários que pensam muito negativo: "Está tão ruim? Então, vende o negócio e muda de país". Trabalha aqui, ganha dinheiro aqui e acha que está tudo ruim? O Brasil é nosso. Não adianta eu reclamar de mim mesma. À medida que eu estou reclamando do país eu estou reclamando de mim. O que eu posso fazer para ajudar? Não é um otimismo sem participação. É se sentir responsável por construir um país melhor. Quem se sente responsável não aponta dedo.

Há um certo ranço do mercado em relação ao governo?
A campanha eleitoral começou muito cedo este ano e isso traz muita coisa à tona. Temos muitos problemas para vencer. A infraestrutura está sendo enfrentada. Mesmo assim, temos conquistas. O país passou por uma crise global (2008) quase ileso. Afetou todo mundo e nós não sentimos. Dia desses recebi um empresário espanhol que me contou que os jovens na Espanha não têm emprego. E nossos jovens têm. Há coisas para melhorar, mas só nós conseguiremos isso. A renda triplicou em 10 anos.

A senhora fez sucesso nas redes sociais quando corrigiu Diogo Mainardi, no programa Manhattan Connection, sobre inadimplência no varejo. Mandou mesmo o e-mail a ele?
Nunca mandei um e-mail ou carta de retorno para ele. Tudo que andam dizendo na internet é mentira. A única coisa que fiz foi agradecer as milhares de mensagens de apoio que recebi. Tenho um respeito muito grande por toda a equipe do Manhattan. O que aconteceu é que eu sou uma pessoa preocupada com a inadimplência. Toda segunda-feira, recebo dados atualizados, tanto da minha empresa quanto dados gerais. Inadimplência é igual a cupim, corrói o negócio por dentro. Nem sou tão ligada em números, mas esse tema é algo que acompanho muito de perto. Mesmo tendo certeza do contrário, quando o Diogo Mainardi disse que a inadimplência havia aumentado eu não retruquei. Apenas disse que ia encaminhar o e-mail. Mas nunca enviei. O que tem é muita gente aí escrevendo mensagens falsas no meu nome.

Por que a resposta da senhora fez sucesso entre os jovens?
Eu me assusto com o pessimismo dos jovens. Eles vivem uma fase sem esperança, e de repente alguém mostra o copo cheio, o que o país tem de bom. E também porque o número que eu dei estava certo. E na semana seguinte foram divulgados dados mostrando que o país estava com os índices mais baixos de inadimplência.

O estilo da resposta contribuiu para a repercussão?
A forma como conduzi, firme, sem ser agressiva, também ajudou. Não sou analista de comunicação, mas acho que foi isso. Era uma coisa que tinha de ser. Não me preparei. Tinha chegado aquele dia mesmo dos Estados Unidos. Nunca mais vou ser tão inocente (pausa). Apesar de que, no programa do João Dória, fui do mesmo jeito (risos).

A inadimplência preocupa? Os índices voltaram a subir no início deste ano...
Continua em queda. A prova disso é que os bancos têm aprovado mais crédito. Teve um pouquinho de alta sim, o que é comum para o período.

Ainda há espaço para expandir o consumo no Brasil?
Falar em opção por consumo ou por infraestrutura é um erro. Infraestrutura é necessária, mas para garantir não é preciso abrir mão do consumo. Sem consumo não tem emprego. No Brasil só 54% da população tem máquina de lavar, só 10% tem televisão de tela plana e só 1% tem ar-condicionado. E ainda precisamos construir 23 milhões de casas para ter um nível satisfatório de igualdade social para um país em desenvolvimento. Nenhuma indústria vive sem consumo. Nos Estados Unidos, as pessoas já estão na oitava geração de TVs de tela plana. A gente ainda precisa de uns 20 anos de progresso.

A senhora foi chamada de garota-propaganda do governo. O rótulo incomoda?
Não. Sou garota-propaganda daquilo que dá certo. Qualquer coisa que for. Não tenho partido político. Faço propaganda do Brasil que dá certo. O que não funciona, muita gente mostra e eu não preciso falar. Visito várias comunidades carentes, tenho ligação direta com o povo. Estive com 400 mulheres metalúrgicas há pouco tempo, vejo um Brasil que se esforça para dar certo. E sinto que a maioria gosta disso. Claro que tem gente que mete o pau, critica, diz que sou do governo. Mas a gente nunca consegue agradar a todos. Mas tenho uma missão, que é ajudar a construir o Brasil para meus netos e as gerações futuras.


Tem candidato à Presidência?
Não gostaria de falar sobre isso.

O aumento na taxa de juro para segurar a inflação não é um banho de água fria para o varejo?

Aumentar juro não é bom para quem compra em prestação. Mas nada pior que inflação. O que não pode é deixar a inflação disparar. A presidente tentou baixar a taxa de juro no Brasil. Focou muito nisso nos dois primeiros anos de governo e teve de subir de novo. Juro alto não é bom, mas a inflação corrompe.



Em recuperação Rede começou a vender ações na bolsa em 2011 e enfrentou queda, mas Luiza garante que melhorou
Foto: Pedro Vilas Bôas, Divulgação, BD, 2/5/2011


De 2007 a 2010, a rede cresceu bastante, praticamente dobrou de tamanho. Foi um passo necessário para não ser engolido por outras gigantes do varejo?
Volume no varejo é importante. Não quer dizer que as pequenas e médias empresas não sobrevivam. São elas, afinal, que geram a maioria dos empregos no país. Mas chega a um ponto em que ou você vende ou você cresce. A Magazine Luiza já comprou 13 redes, inclusive a Arno no Rio Grande do Sul. Outras três em Santa Catarina, duas no nordeste e outras no interior paulista. Era necessário, mas foi difícil. Tínhamos 250 lojas com menos de dois anos. As questões contábeis sacrificam muito os dois primeiros anos. Fazer uma integração dar lucro demora. Hoje estamos totalmente integrados. Agora vamos dar uma respirada e crescer organicamente.

Como foi a adaptação ao mercado gaúcho?
A gente teve muito cuidado para mudar a marca. Tanto que hoje nosso desempenho no Rio Grande do Sul é muito bom. Levamos dois anos para mudar a marca, convidamos a Hebe Camargo como garota-propaganda. Hoje vários dos nossos gerentes eram vendedores na época da Arno.

Cores e letras do Sul Compra de rede gaúcha, em 2004, fez a empresária aprender a cantar o hino-rio-grandense
Foto: Nereu de Almeida, BD, 16/6/2004


O que foi essencial para a boa transição?
Tem um prêmio por produtividade que distribuímos todos os anos entre os funcionárias da rede. E sempre vai para os gaúchos. As gaúchas são muito determinadas. Só não tomo chimarrão. Até cantar o hino eu já sei. Toda segunda-feira, cantamos o Hino Hacional e da empresa em todas as unidades. O Rio Grande do Sul é o único Estado que canta o hino estadual também.

A rede sofre muito assédio de empresas estrangeiras?
Não. Mas respeito. Tanto os concorrentes nacionais quanto os estrangeiros. Concorrente é para ser respeitado, não importa o tamanho.

Em 2011, a Magazine Luiza entrou na bolsa de valores. O valor da ação começou bem, caiu pela metade e agora se recupera devagar. O valor da ação tira o sono da senhora?
Eu sempre tratei o minoritário de igual para igual. Bem antes de abrir o capital. Quando entramos na bolsa, já estávamos acostumados a prestar contas. Claro que oscilações ocorrem, e ninguém gosta. Em relação a transparência, feedback, não mudou nada.

Nos últimos anos, a bolsa brasileira não teve exatamente um bom desempenho. Houve muita cobrança?

O preço da ação preocupa. Não para minha família, mas para investidores, especuladores, sim. Agora, quem investiu no longo prazo está mais confiante. O último trimestre do ano passado foi bom. E sobre este último eu ainda não posso falar. Mas temos clareza de onde queremos chegar.

Apesar da evolução nas discussões de gênero, ainda são poucas as mulheres que ocupam cargos de presidente em grandes empresas. A senhora já enfrentou algum tipo de preconceito?

Nunca. Eu me sinto capaz de vencer o preconceito. Não me sinto vítima. Antes de alguém vir com preconceito eu já me posiciono. Não é fácil. Mas as mulheres já tiveram muitas conquistas. O fato de termos uma presidente mulher ajudou bastante. Os pais começaram a ver que as filhas também podem almejar coisas grandes.

A senhora tem alguma atuação nessa questão de igualdade de gêneros?
Faço parte de um movimento de mulheres do Brasil para apoiar a causa. Lutamos para ter cotas de participação das mulheres em conselhos. Faz muitos anos que estacionamos nos 7% de participação feminina. Essa diversidade ajuda. Cota é um processo transitório para resolver as desigualdades. As mulheres já ocupam cargos de chefia média nas empresas, mas para chegar ao topo demora muito mais se não tiver uma certa ajuda. Não somos contra os homens, mas a favor das mulheres.

Como é a Luiza Trajano gestora? Muito durona?
É uma questão um pouco complicada. Qualquer coisa que uma mulher fale de forma mais firme já provoca comentários, costuma se atribuir ao fato de que seria muito durona. Se é um homem está no comando e age da mesma forma, é considerado normal. Sou muito agregadora, muito descentralizadora, mas bastante firme. Peço todos os dias que Deus me dê três coisas: sabedoria, autoridade e justiça. Um líder precisa de autoridade. Agora, se as pessoas me acham mandona, não saberia dizer.

Quem são as pessoas que inspiram a senhora?
Primeiro foi minha tia, que também se chama Luiza. Meu nome foi uma homenagem a ela, que não tem filhos. Ela sempre foi superfocada no consumidor. Essa coisa de não ter medo do futuro, de ter vontade de trabalhar, foi tudo com ela. Mas estou sempre aprendendo. Com um, com outro.

O que a senhora procura em um funcionário?
Hoje em dia, nem sou eu que contrato, isso fica a cargo do Marcelo Silva, nosso CEO (presidente-executivo da rede). Mas percebo que tem sido difícil selecionar. É preciso ter valores e espírito empreendedor. O salário é feito por eles, com remuneração por desempenho. Um perfil de alguém que entende de pessoas, da vida, mas que também tenha garra de empreendedor e queira ganhar dinheiro não é fácil de encontrar.

A essa altura, o varejo pode ignorar as redes sociais?

A empresa valoriza muito. Estou no Instagram, no Twitter. Se o cliente reclama, imediatamente a gente fica sabendo e tenta resolver. A gente vive do consumidor, então é preciso ser muito transparente.

Como se diferenciar sem perder a identidade?
O mais importante é não perder o DNA, a cultura dos fundadores. Essa é uma luta diária, com 740 lojas no Brasil.

Existem projetos de novas aquisições para este ano?

Vamos ter expansão de 30 lojas. Neste ano, não está nos planos comprar novas redes porque precisamos consolidar o lucro. Crescemos bem ano passado e vamos crescer bem este ano. Quando se compra uma rede demora a acertar. Os dois primeiros anos são difíceis do ponto de vista financeiro.

Do "Diário Catarinense"

http://diariocatarinense.clicrbs.com.br/sc/economia/noticia/2014/05/esta-tao-ruim-entao-vende-o-negocio-e-muda-de-pais-diz-luiza-trajano-4508833.html

domingo, 25 de maio de 2014

Os cinco truques dos ricos para sonegar impostos




A multa de mais de US$ 2,5 bilhões imposta ao banco Credit Suisse, acusado de ajudar milionários americanos a sonegar impostos, evidenciou uma trama complexa que envolvia advogados, banqueiros, contadores e contas secretas.
Empresários, esportistas, artistas endinheirados e funcionários do mercado financeiro estão entre as pessoas que pertencem a uma “elite” frequentemente acusada de não cumprir suas obrigações com o Fisco de seus respectivos países.
Estima-se que a evasão fiscal movimente um montante cinco vezes maior que a economia global, com impactos sobre a desigualdade social.
Um relatório calcula que as 91 mil pessoas mais ricas do planeta controlem um terço da riqueza mundial (e respondam pela metade dos depósitos em paraísos fiscais). Um total de 8,4 milhões de pessoas (0,14% da população mundial) concentra 51% da riqueza.
A evasão fiscal ajuda a aprofundar esse abismo.
Conheça as cinco formas comumente escolhidas por milionários para pagar menos:

1 – Subdeclarar impostos

O primeiro passo costuma ser declarar menos rendimentos do que os realmente obtidos.
Patrick Stevens, diretor de política fiscal do Chartered Institute of Taxation, órgão britânico que prepara funcionários da Receita do país, diz que isso ocorre em duas etapas.
“De um lado, a pessoa declara menos do que ganha. De outro, esconde a diferença, para que não seja encontrada pelo Fisco”, disse à BBC Mundo.
E isso depende de uma rede profissional que, segundo críticos como James Henry, da Universidade de Colúmbia, virou parte estrutural do atual sistema financeiro.
“É uma indústria dedicada à evasão fiscal e à potencialização de ganhos financeiros”, acusa.

2 – Registrar empresas em paraísos fiscais

No estudo The Price of Offshore Revisited (O preço dos paraísos fiscais, em tradução livre), James Henry calcula que haja ao menos US$ 21 trilhões nos chamados paraísos fiscais, soma próxima aos PIBs de Estados Unidos e Japão (a primeira e a terceira economias globais).
Um dos paraísos favoritos são as Ilhas Cayman, que têm 85 mil empresas registradas – mais do que o total de habitantes.
As Bahamas, por sua vez, têm 330 mil habitantes e 113 mil empresas – uma para cada três pessoas.
Nessas ilhas, poucas perguntas são feitas para quem quer abrir empresas.
“Um milionário dos Estados Unidos monta o que chamamos de empresa fantasma em um paraíso fiscal e a usa para fazer transações com preços falsos para transmitir dinheiro para lá, onde não pagará impostos”, diz Henry.
O presidente americano, Barack Obama, costuma citar em seus discursos o caso do edifício Ugland, sede de 18 mil empresas nas Ilhas Cayman.
E Obama nem precisava ir tão longe. O Estado de Delaware, no nordeste dos Estados Unidos, tem 917 mil habitantes e 945 mil companhias registradas.
O mecanismo se tornou um clássico da evasão. O site de análise financeira em espanhol Fútbol Finanzas publicou recentemente uma lista de jogadores que usaram técnicas parecidas nos últimos 20 anos.
Desde o craque argentino Lionel Messi até lendas do esporte, como o brasileiro Roberto Carlos, o português Luis Figo e o búlgaro Hristo Stoichkov estavam na lista.

3 – Usar “laranjas”

Uma maneira de esconder rastros é nomear um “laranja” que atue como proprietário do ativo ou da empresa.
“Se pode nomear um testa de ferro por razões legítimas, por exemplo, para não atrair publicidade sobre o investimento em questão, no caso de uma pessoa pública. Desde que as autoridades sejam informadas, não há ‘evasão’. O problema começa quando não se informa, porque o que se está fazendo é pagar impostos por uma massa menor de dinheiro”, afirma Stevens.
Não é necessário para esse propósito que a companhia e o “laranja” operem em um paraíso fiscal. Ambos podem atuar no mesmo país onde o multimilionário em questão paga seus impostos.
Uma variante dessa situação é o Trust, um antigo instrumento legal inglês no qual o dono de um bem cede seu controle para uma pessoa que o administra em benefício de um terceiro.
“Os beneficiários dessa cessão podem se multiplicar ao infinito. Pode ser a mulher, os filhos, tios, primos, etc. Pelas regras de pagamento de impostos nos Estados Unidos, esses representantes podem enviar do exterior parte desse dinheiro sem pagar impostos”, disse Henry.
Isso facilita o movimento de grandes massas de dinheiro – seja usando uma complexa rede de Trust, empresas fantasmas ou “laranjas”, o principal objetivo do sonegador é um só: apagar seu rastro.

4 – Estabelecer residência em outro país

Os países com baixos impostos são os favoritos de músicos, artistas e esportistas. Nos anos 1970, Mick Jagger se mudou para a França e depois para os Estados Unidos para fugir dos impostos de seu país natal.
Em dezembro de 2012 o ator francês Gerard Depardieu renunciou à sua cidadania francesa em protesto contra os altos impostos propostos pelo governo de Francois Hollande. Ele se mudou para a Bélgica e obteve um passaporte russo, onde há um imposto único de 13%.
“Uma pessoa pode escolher o país que queira para viver. É seu direito se mudar para um país para pagar menos impostos. O que é ilegal é dizer que vive em um país para pagar menos impostos quando na realidade vive em outro com uma carga de impostos mais alta, disse Stevens.
Foi o que aconteceu com o tenista alemão Boris Becker. Ele declarou a autoridades alemãs que viveu em Mônaco entre 1991 e 1993, quando realmente estava em Munique. Ele acabou tendo que pagar uma dívida de US$ 3 milhões.

5 – Aproveitar brechas legais

A rede de assessores e especialistas que rodeiam os milionários é especialista em encontrar brechas legas dos sistemas de impostos.
Em muitos casos não se trata de evasão fiscal, mas de supressão fiscal, um mecanismo perfeitamente legal: todos temos direito de pagar menos impostos, desde que o façamos dentro da lei.
As isenções de impostos que os governos colocam em prática para estimular a economia e as doações a organizações de caridade frequentemente oferecem grande oportunidades.
Neste mês, um juiz britânico considerou que o cantor Gary Barlow, dono de fortuna estimada em US$ 80 milhões, havia investido em 51 sociedades financeiras criadas exclusivamente para pagar menos impostos.
Organizações de caridade também costumam servir para evasão fiscal. “Nos Estados Unidos, houve um boom de fundações privadas que permitem deduções de impostos. Alguém sabe o que elas fazem? Ninguém as audita”, argumenta Henry.

O futuro

Os problemas fiscais enfrentados por todos os países desenvolvidos e a fragilidade do sistema financeiro internacional têm colocado a evasão fiscal na mira do público e no centro de um debate global.
A multa ao Credit Suisse foi apresentada como um grande trunfo do Fisco americano e como um suposto fim da era de segredo bancário na Suíça – um dos pilares desse sistema.
Mas, para Henry, o acordo é na verdade um grande trunfo para o banco.
“O Credit Suisse não foi obrigado a revelar o nome de nenhum dos sonegadores. O segredo bancário permaneceu. Ninguém da atual diretoria teve de renunciar, e eles não perderam a licença para operar nos Estados Unidos. Seu valor em bolsa subiu. O negócio segue intacto.”
Do "Diário do Centro do Mundo"
http://www.diariodocentrodomundo.com.br/os-cinco-truques-dos-ricos-para-sonegar-impostos/

Publicado originalmente na BBC Brasil.