quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Tráfico, drinks e marijuana


(será que ela "fumou droga"?)


Gostaria de advertir aos incautos que este post é uma apologia ao pensamento, e que isto será uma proposição de fatos cujo intuito consiste numa discussão que deveríamos ter feito, "ontem", nós da sociedade e os governos.
A solução para o tráfico sempre esteve em frente de nossos narizes, e temos que acordar rapidamente. Religiosos, moralistas e desconhecedores precisam ouvir mais. Nunca houve momento melhor na história brasileira.
A proibição da maconha, que começou nos EUA, é emblemática e essencial a nossa discussão. 
El Paso, cidade americana fronteiriça com o México, recebia hordas de imigrantes que, nos anos 20, chegavam para trabalhar nas lavouras, e consigo levavam sementes e mudas de uma certa planta. Ao fim do dia, os mexicanos fumavam a verdura (que também crescia na beira das estradas), para relaxar após as muitas horas de trabalho semi-escravo a que eram submetidos.
"Denúncias" de mexicanos "descontrolados" praticando assassinatos "sob o efeito da droga" eram corriqueiras, o que fizeram com que o Czar americano contra as drogas, J. R. Aslinger (o governo dos EUA passou um problema de saúde pública ao departamento do tesouro nacional), criasse uma lei para controlar o uso da planta, o que era, na verdade, um motivo para controlar os mexicanos: o que nos faz concluir que a proibição tem raízes racistas e pseudo-moralistas, e não científicas.
Aslinger conseguiu, depois de anos, que a proibição se estendesse a todos os estados, mesmo sob a contestação do prefeito de Nova Yorque, La Guardia, que afirmava que, proibindo a maconha, as leis estariam criando, efetivamente, uma grande quantidade de novos criminosos ao invés de resolver o "problema" (mais tarde, esse provaria que fumar maconha não era um problema). 
Daí para o mundo, foi um passo de pombo: o "czar" Aslinger levou o assunto à ONU, e todos os países ocidentais e alguns orientais, hipnotizados e ignorantes, adotam a criminalização, sem sequer discutir ou pesquisar antes.
La Guardia encomendara, antes, um estudo científico detalhado que foi boicotado e até apreendido e queimado por Aslinger, cujo resultado foi o que alguns de nós sabem, e contrariou a todos os que, desde a época em questão, acham sobre a marijuana -  que a maconha não causava potencialização de instintos violentos (muito ao contrário), não causava tesão desenfreado, não nos atrapalhava a personalidade e, principalmente, não era, como se costuma dizer, uma "escada" para outras drogas.
Ou seja, bilhões foram gastos na "luta contra a marijuana", e as pessoas continuam fumando.
Hoje, sabe-se que usuários da erva não usam outras drogas, necessariamente.
Não preciso expor aqui os benefícios dela. Já se sabe deles, mas há uma curiosa vontade de não se admitir.
É a tal hipocrisia. É mais fácil apontar o dedo.
Sabe-se que é usada em tratamentos para dependentes de crack, e para combater a inapetência em doentes de AIDS.
Diante disso, o que fazer, então, quanto a uma droga que se vende em supermercados, bares e até em festas de debutantes?
Por que a bebida, muito mais destrutiva, tanto fisica como socialmente, é legal?
Não há tráfico de bebidas. Houve, nos Estados Unidos, quando essa droga foi proibida.
O problema não são as drogas, seja ela bebida, maconha, cocaína.  É o que cada indivíduo faz consigo e com a sociedade, e os males que esse uso pode causar ao coletivo (o crack merece mais atenção, hoje, pelo seu poder de destruição moral, perda de parâmetros e capacidade de vício).
No Brasil, um primeiro passo parece estar sendo dado, que é devolver ao morador da periferia uma vida sem o jugo da arma. O território, que é importante para um traficante-gerente armado (os donos estão no asfalto), parece estar sendo conquistado.
Falta discutir o que é realmente problema, e o que é apenas moralismo sem sentido, pirraça, burrice e interesse.
É isso.
Agora, pensar mais sobre isso, eu deixo para o leitor.
Volto já.
Vou dar uma volta...


por Mastrandea


2 comentários:

  1. Anônimo7:44 PM BRST

    Visão muito simplista, é muito mais que um problema de saúde pública, o problema é social, falta de educação, emprego, moradia, pessoas que cresceram no meio da violência e este é o único meio que conhecem de se conquistar as coisas. E não tão simples quanto parece para nós, pseudointelectuais que nunca passamos nenhum tipo de privação na vida. A matéria da Carta Capital toca fundo no assunto, mas muita gente prefere fechar os olhos e não entender.

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  2. Se o senhor consultar o post "Nada de novo na cidade maravilhosa", virá que não tenho visão simplista das coisas. O post pelo senhor criticado apenas está contextualizado no tema "drogas"

    Obrigado.

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