quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Razão


Fui com um amigo ao centro, ele ia passar uns dias no sertão e estava providenciando os equipamentos que faltavam para a viagem. Entramos numa loja e ele começou a examinar uns facões, daqueles com lâmina de uns cinquenta centímetros.

Ele me mostrou a faca, segurando com as duas mãos, e brincou:

— Isso aqui se chama razão.

Continuamos com a piada imaginando mais algumas falas:

— Sim senhor, vejo que o senhor está com a razão.

— Quem está com a razão aqui sou eu.

— Lá tá cheio de jagunço, é bom sempre estar com a razão.

Em terra sem lei, uma disputa tende a ser resolvida pela força. Ostentar a superioridade física pode até mesmo tornar desnecessário que se chegue às vias de fato. O nome dessa estratégia é intimidação.

Na disputa diária dos motoristas pelo espaço limitado nas ruas, a necessidade de estar sempre com a razão explica a proliferação daqueles automóveis muito grandes, verdadeiras armas urbanas.

Explica também os adesivos de artes marciais e de técnicas de briga que os meninões colam em seus carros.

E quando um ciclista tenta ocupar seu espaço nas vias de uma cidade, muitas vezes encontra uma resistência agressiva e acaba cedendo, pois os motoristas geralmente estão com a razão.

Do Blog "VENTO NA CARA"

https://ventonacara.wordpress.com/2014/07/30/razao/

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

PSOL, O TENOR DA ÓPERA BUFA DA NÃO POLÍTICA



O debate de ontem na CNBB foi emblemático. Um festival de horrores onde Dilma Rousseff destoou com sua forma cartesiana de expor as questões que envolvem a vida dos brasileiros. O resto, como diz o dito popular, se colocar uma lona vira circo e se cercar vira hospício.

A pior pra mim foi Luciana Genro!

Pior porque a gravidade de seu debate despolitizado é uma variante histriônica de uma colegial tardia com uma superintendente da ética, como é o próprio PSOL que se diz à esquerda do PT.

Luciana é a cara do PSOL, um partido que expõe contradições gritantes desde seu nascedouro até os dias atuais. A própria Luciana falou ontem da alta carga tributária que pesa nos ombros dos mais pobres, dizendo, e com razão, que acaba os pobres pagando praticamente sozinhos os impostos no Brasil. O que ela não disse é que o PSOL, junto com o PSDB e o DEM, deu como cortesia, aos mais ricos o fim da CPMF, um imposto que os pobres não pagavam nem um centavo e do qual eram injetados na saúde bilhões todos os anos para atender sobretudo os pobres. Mas não é só isso, o fim da CPMF devolveu aos endinheirados o sigilo bancário onde é facilitada a sua forma de sonegação. E por que fez isso? Para se vingar do PT, ou seja, derrotaram os pobres e acham que derrotaram o PT.

Ao mesmo tempo, assim como fez o PSOL nos seus 10 anos de existência, Luciana Genro se alia à banda pobre do STF como Mendes, Barbosa, Fux e cia, para vocalizar a moral udenista da mídia com a farsa do "mensalão."

O que Luciana não disse com sua régua moral é que até hoje o PSOL não liquidou suas pendengas internas de caixa 2 tendo como protagonista a deputada Janira Rocha.

No debate da CNT, Luciana, perguntada sobre o caixa-2 de Janira Rocha, disse cinicamente, a la Marina, que não tinha conhecimento do fato.

Eu poderia citar também a covardia de Chico Alencar (Psol) que, para não correr o risco de perder o pensionato de deputado federal, não disputa, por exemplo, com Garotinho, também deputado, a eleição para governador do Rio. Prefere colocar na parede de seu gabinete um quadrinho de "melhor deputado do Brasil" e, assim se transformar em um postulante automático de eterno deputado federal. Lembrando também que, quando Tarcisio Mota (Psol) diz que, fora ele, os outros quatro candidatos ao governo do Rio são farinha do mesmo saco, ele deveria se incluir como o quinto, pois quando o PT-RJ se coligou com Garotinho durante os oito anos de seu governo e de Rosinha, todos os que hoje estão no Psol estavam à época no PT e lá permaneceram, saindo somente uma década depois, por perderem espaço em disputas internas.

O próprio Randolfe Rodrigues, que era originalmente o candidato escolhido do PSOL para a disputa presidencial, correu da raia em plena disputa e anunciou ontem mesmo que pretende se unir à Marina na coligação Rede/PSB.

Por tudo isso, mas uma militância de "intelectuais" tão ou mais fisiologista que seus políticos, eu acho que o que se viu ontem no debate da CNBB, foi o PSOL representar um coquetel de baixaria, moralismo lacerdista, despolitização encarnado por Aécio, Marina, Pastor Everaldo, Eduardo Jorge, Fidelix, Luciana Genro e Eymael.

Isso me dá um motivo a mais para ir às ruas defender o governo e a reeleição de Dilma Rousseff, do PT.


por Carlos Henrique Machado Freitas em seu Facebook

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Democracia sim. Participação da sociedade não! Eis a lógica da elite.



Por Cristiano Bodart



O jornal Estado de São Paulo publicou um texto sem autoria identificável lançando ao vento aberrações típicas de uma elite que pouco se importa com maior parte do brasileiros. Me refiro ao texto “Mudança de regime por decreto”(ver aqui).


O texto afirma que a presidenta quer mudar o regime. Igualmente afirma que ela não deixou para o parlamento a decisão se devemos ou não ampliar a participação social na esfera federal, sobretudo de movimentos sociais. Afirma que a presidenta quer dar um golpe ao buscar via decreto ações de reforma política. Todas essas afirmativas me parecem ser verdadeiras. Que bom! Ruins são os interesses por trás dos que criticam tal ação.


Tenho muitas críticas a presidenta e a seu partido político, mas sua atuação nesse caso é de retirar de mim palmas. Palmas por se tratar de mudanças, ainda que pequenas, que maximizam a Democracia. O autor do texto, em síntese, defende uma coisa: A democracia representativa (exercida apenas pelo voto). Tal regime, em realidades como a brasileira, só beneficia a elite que possui condições financeiras de influenciar as decisões sem perder muito tempo com reuniões participativas e deliberativas com o povo. Deixar as decisões para o Parlamento é um caminho mais seguros para os lobbystas.
O incômodo que tal decreto (ver aqui o decreto) causa à elite está, basicamente, em dois pontos centrais:


1. No sistema puramente representativo a elite é beneficiada. Em um regime onde o financiamento de campanha é a base do sistema eleitoral, a representação da elite estará sempre garantida junto ao Parlamento. Mudar isso, pode vir a ser danoso aos seus interesses;
2. Participação direta e movimentos sociais “é coisa de pobre e classe média baixa desfavorecida”. A elite quer continuar participando das decisões políticas via lobbypolítico. Ampliar a participação direta significaria ter que deixar as atividades da vida individualista para participar das questões coletivas e isso seria, na concepção de quem está em situação confortável, perder tempo e dinheiro.


Manter uma democracia sem a efetiva participação do povo é o que defendem os grupos [econômicos] de interesses que governam nosso país há anos. Aprofundar a democracia via maior participação é possibilitar a sociedade ter voz e aprender a ser mais politizada... o que não interessa a alguns, não é mesmo? Para que mudar o status quo, não é? Dizem defender a democracia, mas sem a participação do povo [se é que isso seja possível]. Pior que temos desfavorecidos concordando com tais aberrações. Esses são perdoáveis, porque não sabem o que fazem [a si mesmo].


do Blog "Café com Sociologia"
http://www.cafecomsociologia.com/2014/06/democracia-sim-participacao-da.html