quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Drummond e o Bêbado

("[...]mas tens um cão")




São 2:00 da madrugada, e há duas horas, completei 37 anos de idade.
Essa data para mim, sinceramente, não se difere de outras quaisquer. Mas há gente que me ama, e tenho que me sentir feliz, e é assim que funciona a vida.
Amanhã tem sorrisos.
Pois estava aqui, já com 37 anos, a terminar de ler alguns textos, e bobagens no Facebook (há informação interessante ali), quando deparei-me, sei lá em que post, com essa foto emocionante e ilustrativa.
Lembrei-me de quando tinha meus vinte-e-poucos, estava ainda no início da universidade. 
Às sextas-feiras, quando chegava e descia do ônibus na rua Augusta, encontrava-me com o Senhor João, um velho sujo e triste, perambulante que sempre, desde que o conheci (também não me lembro como), me aguardava, já soluçante, sentado no meio fio. 
Devido a sua mente sempre sóbria e sábia, como é a de qualquer pessoa que cursa a Faculdade da Puta da Vida, passar minhas sextas com o velho era deleitante.
Minha faculdade não permitiria alguém ter o conhecimento do Senhor João, mas, para ele e a sociedade -  a mesma que o excluía - eu era o bonzinho da história toda (apesar da retribuição financeira atual desdizer essa bobagem que talvez eu tenha escrito agora).
Senhor João havia sido expulso de casa por ser, segundo seus ótimos e imaculados parentes, um desviado, pois "gostava de passar algumas noites embriagado à rua".
Não o deixavam voltar
Mas era censurado por mim quando dizia que concordava com isso. 
Com força e veemência, desmentia-o, e revelava a ele suas virtudes.
Lembro-me que um dia comprei-nos um presente - um litro de uma cachaça amarela de minas.
Não entendo nada de pinga, mas tomei toda naquela noite com Senhor João, e ainda me recordo do seu sorriso com alguns poucos dentes ao ver a prenda.
Nunca o dei um centavo.
Mas lembro-me bem de como ele se emocionava ao ser perguntado com real interesse sobre sua vida...mesmo que tão difícil.
Emocionava-se porque eu era quem estava voltando de uma universidade, mas também era quem olhava em seus olhos.
Desmentia o que ele reproduzia sobre si. Desdizia-o. Exaltei sua força e coragem frente à vida. 
Naquela noite, um sopro de identidade e importância ele teve. Isso o fez chorar.
O álcool só é uma maneira de lidar com tudo de um jeito melhor. 
Há quem ache que mendicância e alcoolismo são preguiça, falta de coragem e caráter.
Curiosamente, gente que teve muita chance. 
Certamente, o Senhor João e o bêbado da foto não tenham ideia do que seja poesia (como muitos que tem chance na vida).
Para o bêbado da foto, e para o Senhor João, não importava o resto...
Tudo bem. Alguém os olhava nos olhos.
Naquela noite com Senhor João, e no dia em que foi esta foto tirada, "uma flor nasceu no asfalto".


por Mastrandea

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Lindemberg enfim vai aos leões


(operação policial de sucesso é quando o criminoso sai na maca, não a vítima)




Hoje julgou-se e condenou-se o autor de mais um caso escabroso de crime contra a vida.
Não quero aqui debater direitos humanos ou coisas assim. Ater-me a tais assuntos faria deste post um livro, e quem me conhece, sabe da minha repulsa à violência, às armas (salvo pela revolução) e que, para mim, só a Educação pode acabar com histórias como estas.  
Muito menos o absurdo que é o fato de meninas estarem perdendo sua infância em nome de um mercado mesquinho de moda e sexo.
Trata-se, aqui, do fato em si. Eloá fora sequestrada, e a polícia tinha de agir.
O que maís impressiona, muito mais que a morte da moça, foi sua permissividade, por imprudência, políticagem e vaidade eleitoral.
José Serra, governador da província à época, e já com seus planos de "querer-ser-desejar-sonhar" ser Presidente da República, em prática, já que é "o-mais-preparado", "o profetizado", não queria que a cena de um sniper esfaçelando o crânio de Lindemberg fosse veiculado pela mídia ao vivo, àquela altura já posicionada como faz no BBB, com suas câmeras em ângulos que talvez não tivessem os próprios atiradores especializados.
Marcos do Val, instrutor de defesa pessoal do departamento de polícia de Beaumont, Texas, fala do "erro"(!) da polícia em ter permitido que o sequestro se alastrasse por mais de cem horas (num país de polícia e governo sérios, isso não duraria mais que quinze minutos) e do que denominou "desastre" o retorno da jovem ao cativeiro - isso, até eu, que nada sou de especialista, muito menos em matéria de tiro e tática de 'puliça', depreendi sem dificuldades, no mesmo momento.
Já vimos esse filme no Rio, com o "motorista" e comandante do famigerado 157. Vidros por todos os lados, e o que se viu? Ao invés do ameaçador baleado, a vítima, morta.
Agora, é claro, o povo pode falar, livremente e com propriedade, que justiça foi feita. Em outras palavaras, chutar a cabeça do 'desgraçado'. A história do folhetim termina, então, como a classe média queria.
Serra então pode, novamente, voltar a ser o-mais-preparado-guardião-da-moral-e-da-paz-e-democracia "à la paulista". Um criminoso. Escroque, evasor de divisas e genocida que levou quase 40% de votos na última eleição para presidente...
Impressiona muito também nada sobre isso ter sido dito.Muito pouco, até mesmo nas redes sociais. Que a influência do governador paulista no final trágico não seria reportagem do JN do mauricinho e da patricinha era fácil de se prever...
Não inocento Lindemberg do seu ato, mas, com mais força, culpo o governo de um insano nazista de, em nome do seu cinismo e demagogia, jogar, agora, o rapaz aos leões, humilhantemente, para deleite da classe média que lota nossa grande arena que é a mídia e seus fiéis escudeiros.




por Mastrandea

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

POLÍTICA - José Serra vem aí?


Do blog do Ricardo Kotscho.

José Serra vem aí? É a volta da velha novela


Não deu outra. Sai eleição, entra eleição, a velha novela se repete com o mesmo suspense: José Serra vai ou não vai ser o candidato tucano?

Pode ser eleição municipal, estadual ou presidencial, não importa. O eterno candidato sempre começa dizendo que não quer, ainda não sabe o que fazer, pede um tempo para decidir, comunica "oficialmente" que não será, depois aceita conversar, e assim vai deixando os tucanos cada vez mais agoniados.

Desta vez, não foi diferente. Depois que Serra recusou a candidatura, o PSDB decidiu marcar prévias para o dia 4 de março, com quatro pré-candidatos que estão em campanha há seis meses, mas um fato novo fez Serra desistir de desistir da candidatura a prefeito para ir à luta novamente.

O fato novo chama-se Gilberto Kassab, até outro dia seu protegido e fiel aliado, que resolveu pular a cerca e, diante da indecisão dos tucanos, começar um namoro firme do PSD com o ultra-inimigo PT.

Com isso, o prefeito, que não tem candidato viável e está no fundo do buraco em termos de popularidade, conseguiu rachar os dois maiores partidos da cidade. Metade do PT não quer esta aliança com o PSD de Kassab e metade do PSDB insiste nas prévias que, obviamente, Serra não quer.

Para se ter uma ideia do reboliço causado por Kassab na campanha eleitoral paulistana, a notícia de que Serra aceitaria ir para o sacrifício para tirá-lo do colo dos petistas, rachou a direção tucana já na segunda-feira.

"Há chances concretas de Serra ser candidato", proclamou o presidente municipal do PSDB, Julio Semeghini, confirmando o noticiário de que José Serra vem aí novamente.

"Acabar com as prévias agora é assinar o atestado de óbito do PSDB. Mesmo que os quatro pré-candidatos desistam, ainda assim ficaremos numa espécie de UTI", respondeu o presidente estadual, Pedro Tobias.

Entre os dois, postou-se em cima do muro o governador Geraldo Alckmin, que passou a bola para Serra. "Se ele quiser ser, é um ótimo candidato. Essa é uma decisão pessoal do Serra que nós devemos aguardar".

O problema é que nenhum dos quatro pré-candidatos deu sinais de que pretende abrir mão das prévias deixando o caminho livre para Serra, como ele impôs ao governador Geraldo Alckmin como pré-condição para aceitar a candidatura.

"As prévias são irreversíveis, estão aí, e sou pré-candidato. Espero ganhar. O Serra se inscreve e segue o procedimento", avisou José Anibal, secretário de de Energia do governo do Estado.

"Vou até o fim", anunciou o deputado Ricardo Tripoli. Até o serrista Andrea Matarazzo não parece disposto a abrir mão da pré-candidatura: "Ele tem dito que não é candidato, mas as coisas não são fixas. Precisa ver o que ele decide, o que o governador decide e o que o partido decide". Só o alckmista Bruno Covas não disse nada.



A aproximação de Kassab com o PT deixou José Serra numa encruzilhada diante de três hipóteses, nenhuma delas boa para seus planos de uma nova candidaturta presidencial em 2014:

# Se sair candidato a prefeito, e ganhar, não poderá deixar o cargo de novo, no meio do mandato, como já fez em 2010.

# Se perder, não terá condições políticas nem ânimo para se candidatar a mais nada, só lhe restando encerrar melancolicamente a carreira.

# Se ficar sem mandato até 2014, corre o risco de sumir do cenário fazendo política só pelo twitter, cada vez mais isolado no partido.

Desde o início desta nova fase da velha novela, Gilberto Kassab deixou bem claro para todos que só não faria a aliança com o PT de Lula se Serra fosse o candidato do PSDB _ na certeza de que o amigo não seria candidato.

E agora? Como fica o prefeito? Ao ser perguntado sobre a possível candidatura Serra, ele disse que ficaria numa situação "desconfortável".

Mais do que isso, Kassab não poderá ficar eternamente jogando dos dois lados. A brincadeira tem prazo para acabar. Lula já anunciou que quer antecipar a aliança com o PSD para março.

Também de olho em 2014, Serra agora tem pressa. Em conversa com tucanos, segundo o noticiário da "Folha", Serra avaliou que seria "um desastre" para qualquer projeto político do PSDB uma aliança entre o PT e o PSD.

Ou seja, para evitar o desastre tucano, só tem um jeito de segurar Kassab: se Serra for o candidato a prefeito.

Ainda outro dia escrevi aqui que esta campanha eleitoral em São Paulo promete fortes emoções. Não percam os próximos capítulos. Estamos só no começo.



Sem autorização, retirado do Blog de um sem-mídia:




por Mastrandea



segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

À MÃO ARMADA



"Com o piso nacional, o peso da ameaça de greve não virá de uma polícia, em um Estado, mas de todo o país", afirma Jânio de Freitas, jornalista, em artigo publicado no jornal Folha de S. Paulo, 12-02-2012.


Eis o artigo.



A decisão das polícias civis de 22 Estados, de greve simultânea se a Câmara não aprovar logo o projeto chamado de PEC-300, clareia a situação em que o país está desde o primeiro brado na onda de greves com arma na mão. Nada menos do que isto: para fazer felizes os policiais e os bombeiros, é preciso que o Congresso aprove e o governo aplique uma deformação ao sistema constitucional e ao regime político. Sem que a população nem sequer faça ideia do que se esconde sob a sigla PEC-300.



Ainda que a maioria também não saiba, o nome deste país é República Federativa do Brasil. Trata-se de uma Federação, portanto. Ou seja, em termos bem simplificados, uma associação política e econômica de Estados dotados de autonomia administrativa e de um governo central, regidos e limitados todos por uma Constituição Federal, de toda a Federação.



Polícias militares, polícias civis e corpos de bombeiros levam todos o nome do Estado a que pertencem e em que têm jurisdição -Polícia Civil do Estado tal, e seguem os demais. Essas entidades integram a estrutura de administração sobre a qual os Estados têm autonomia. São de decisão estadual uniformes, contingentes, localizações, e outros muitos quesitos. Entre os outros: vencimentos. Como servidores estaduais que aquelas entidades são.



A PEC-300 - proposta de emenda constitucional nº 300 - contém a criação de um piso idêntico, em todo o país, para os vencimentos das polícias e dos bombeiros. Como se fossem da estrutura administrativa federal. À primeira vista, não faz diferença para as polícias e os bombeiros que criaram e propagam a onda de greve e ameaças. A medida seria em benefício, acima de tudo, dos seus colegas de Estados com vencimentos piores.



Há mais do que isso, porém. O vencimento nacional é um fator de força inimaginável. A cada pretensão de melhoria, o peso da ameaça de greve não virá de uma polícia, em um Estado. Cobrirá, de cima a baixo, todo o país. A mera ideia de que as polícias militar e civil e os bombeiros podem abandonar a população em todo o país é, para um lado, uma percepção de força incalculável e, para o outro -os governos e a população- um calafrio de terror. Ainda mais com a confiança que as PMs infiltradas têm demonstrado merecer.



Apesar disso, a PEC-300 é tratada como se relativa apenas ao equilíbrio nacional de vencimentos. Pois bem, também por aí, ou sobretudo por aí, a proposta tem má direção. Seu resultado seria a amputação de atribuições estaduais próprias da autonomia no sistema de Federação. Logo, transgressão a um princípio tão essencial da Constituição, que foi elevado ao próprio nome do país.



Um dos problemas mais graves e menos considerados do Brasil é o descaso com seu regime de Federação. A centralização sem limites no governo federal assume tudo, dirige tudo, apropria-se de tudo, oprime tudo, e arrecada tudo.



Com tamanha deformação, os Estados estão reduzidos a pedintes, incapazes de impedir a evasão dos frutos de sua riqueza natural, incapazes de fazer uma pequena ponte ou umas quantas casinhas sem receber a benesse federal, incapazes de ser o que a Constituição diz que são.



E a PEC-300, tocada pela originalidade de greves à mão armada, ainda quer mais deformação.



Roubado do Blog de um sem-mídia:




http://blogdeumsem-mdia.blogspot.com/

por Mastrandea

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Professor Hariovaldo : Ode a José Serra

By 

Mestre Professor Hariovaldo e confrades,
No final do ano passado recebi, pelo MSN do além,  mensagem  do grande cordelista Patativa do Assaré homenageando o Presidente Molusco que saia. Recebi,  agora, uma homenagem ao grande José Serra, O Ungido  para a Prefeitura de São Paulo este ano.


ODE A JOSÉ SERRA




Desde os tempos dos Faraós
Surgiu a figura impoluta
Daquele que desataria os nós
Desta república corrupta
Seu nome é Dom José Chirico
Nascido e criado na Mooca
Instruído por Frei Francisco
E pela professora Maroca

SAPO cACOViveu uma infância feliz
Nas ruas e várzea local
E como todo pequeno petiz
no futebol era craque e o tal

 No mercado seu pai trabalhava
E isso todos se recordam:
Do pequeno Zé que o ajudava
A carregar caixa de fruta madura:
banana, uva, manga e mangava
pepino, alface e toda a verdura
Mas sempre que podia, o Zezinho
Tinha um hábito de candura
gostava de ler livros de todo tipo
encadernados ou de brochura
Geografia, álgebra, filatelia
matemática, português, filosofia
Jornal, almanaque, gibi, revista
Até bula de drogaria.

SerritoAdolescente resolveu na “facul” entrar
E na faculdade era figura de destaque
Logo para líder resolveu se candidatar
E ganhou fácil, pois era bom orador
Desses que tem o poder de manipular
E sabe como ninguém ser bom ator
Foi líder estudantil de esquerda
E essa foi sua desdita e desgraça
Pois queriam seu corpo e sua cabeça
Naqueles tempos negros, de perda
De medo, desconfiança e ameaça
E para o estrangeiro fugiu
Somente com a roupa do corpo
Pois se ficasse no Brasil
Perigava ser preso ou morto

Chileno amigoPara o Chile se mudou à socapa
E nesse país resolveu se estabelecer
Pois ali parecia ser local democrata
Não havia prisões, bom para viver
Seu presidente eleito era comunista
Assim comunista era todo o poder
Mas essa condição era mal vista
Pelos irmãos da nação do norte
E sem que ninguém desse conta
O Estado ficou refém da sorte
E tomou posse Pinochet, o general
Depois de um banho de sangue atroz
Morreram muitos irmãos no final
Pais, filhos, sobrinhos tios e avós
E aquela nação, antes vermelha
Teve que aguentar uma Ditadura
De direita, por sinal, triste destino
Pro povo sobrou cana e rapadura
cacete na sola do pé e chute no intestino

Las ninasNovo governo, gorilas no poder
Serra temeu ser ao estádio levado
Pois já estava a notícia a correr
Que ali vermelho era torturado
Não só isso, mas era ainda pior
Eram alinhados nos alambrados
E naquela cena de morte e dor
Eram sem dó abatidos e fuzilados

Adios muchachosSem perder mais nem um minuto
Serra juntou o pouco que havia ganho
Saiu do país dominado pelo bruto
E para o Brasil, sua terra de antanho
chegou, já com prestígio e líder de fato
Pois a ditadura daqui havia amolecido
E no MDB, que era oposição de fachada
Fincou pé e foi muito bem acolhido
E dali partir para ser figura destacada

SoturnoDo MDB já como PMDB resolveu cair fora
Pois o seu projeto de poder era muito maior
E na antiga sigla espaço ninguém lhe dava
As eleições majoritárias lhe negaram, e pior
Teria que esperar sua vez, e não se destacava
Se ali ficasse, seria, vejam só, um mero vereador

Junto com figuras célebres, cultas e de valia
fundou o partido da ave colorida e bicuda
Pois esse partido de concordância e harmonia
Pro seu sonho de poder é terra fértil e fecunda
Mas não contava que outro, esse desejo nutria
FHC, o príncipe, na cadeira sentaria a bunda
E lá ficou por oito anos, o filho de uma ……….
Nem Serra nem Covas, oh sorte maledeta!
Para a presidência, nem uma vezinha, sobraria


Another manMas o grande almirante não desistiria
Seu sonho o levaria a píncaros do sol
E por três vezes a presidência tentaria
Afinal, não foi assim com ele: o Farol?
Mas pelo caminho um molusco aparecia
E com Lula seus sonhos findaram no atol

BolinoE mesmo com uma mulher, frágil e filha de Eva
A eleição que tava no papo, no primeiro turno
mostrou que os sonhos são ilusão como de erva
Mas não se contentou a levar no fundilho o coturno
Perdeu a eleição e a honra, permanecendo na treva
Graças a um mineirinho traira, boêmio e noturno

Mas não tem nada não, a vida derruba, dá volta e ensina
A prefeitura de São Paulo é minha e está a disposição
Essa eu levo, ninguém tasca e ainda vou sair por cima
E ainda darei uma banana para os petelhos da oposição

Salve Serra!




http://www.hariovaldo.com.br/site/2012/02/12/ode-a-jose-serra/




por Mastrandea

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Gilson Caroni Filho: O fascismo dos meninos do Rio


Na década de 80, Lula, ainda deputado, previa: "A classe média se trancará, em futuro próximo, em condomínios, com medo dos pobres". Agora, é o ódio.


O que há em comum entre uma moradora de rua agredida a socos e pontapés no Leblon, zona sul do Rio de Janeiro, por três homens de classe média que a acusam de quebrar o retrovisor do carro e Vítor Suarez da Cunha, jovem estudante brutalmente espancado ao tentar proteger um mendigo que apanhava de cinco delinquentes no bairro Jardim Guanabara, na Ilha do Governador? Ambos foram vítimas de um estrato social que tem como traço ideológico funesto a recusa da cidadania.

Por Gilson Caroni Filho


Em menos de uma semana, a violência de um segmento incapaz de distinguir o público e o privado, que tem na venalidade uma de suas marcas, que trata a rua como prolongamento da casa e do quintal, desconhece direitos sociais e políticos, menospreza a condição humana dos que não pertencem à sua geografia social, reiterou, em pontos do estado do Rio de Janeiro, o caráter fascista que lhe é inerente.

Para eles, a liberdade se reduz ao ato de escolher entre várias marcas do mesmo produto e a felicidade é o fim de semana em família esvaziando shopping centers, o consumo do Natal e o réveillon em uma boate ”superluxo”. A protegê-los, vigias, olhos eletrônicos, cães de guarda, grupos de extermínio e a polícia violenta que conhecemos, protetora de “gente de bem”. Quando se lançam em busca das ilusões perdidas, dão início a uma busca feroz, mostrando uma força ideológica assustadora.

Num tempo em que pessoas têm sua condição humana aviltada, morrendo como moscas, fatos como estes não podem, após algum tempo de exposição midiática, provocar, no máximo, bocejos. É preciso deixar de contentarmo-nos em sobreviver, de acreditar que “com a gente não acontece” ou, o que é pior, fazer da vítima o culpado. Recusar a indiferença, persistindo em chamar de acidente uma rotina de mortes e de mutilações, conhecida, anunciada e burocraticamente executada cotidianamente. Nas ruas do Leblon e do Jardim Guanabara, o que aconteceu foi um fato político. E como tal precisa ser combatido.

Como classificar o comportamento dos fascistas de “boa aparência”? Perversão? É pouco. Isto é sordidez, abjeção, cegueira de valores. Mais ainda: é sintoma de uma cultura que faz da sarjeta sua medida moral e que, pouco a pouco, destrói um legado histórico, construído com sacrifício de homens, de povos e de nações. O que está em jogo é a consciência de que a vida é um bem, cuja posse não temos o direito de negar a quem quer que seja. O que estamos esperando? Que a lei da oferta e da procura regule o mercado de massacres e extermínios?

A punição exemplar dos agressores, “gente de boa cepa”, é fundamental para que não continuemos a ser uma sociedade moralmente idiotizada. A barbárie não pode continuar satisfazendo o apetite de quem faz do riso cínico a única saída para a impotência e a covardia. Os fascistas têm que saber que já não contam com o “jeitinho brasileiro” de lidar com o direito à vida e a dignidade física e moral de cada um. Do contrário, a certeza da impunidade continuará ampliando a lista de vítimas. Em um país democrático, não se confunde desejo de justiça com direito de vingança.

Vítor Suarez da Cunha, o jovem de 21 anos, que teve 63 pinos implantados no rosto, deu uma magnífica lição de vida, de solidariedade humana. Muitos escreverão sobre sua atitude, mas nenhum texto será capaz de traduzir sua coragem, seu amor ao próximo, sua consciência de cidadania. Ao afirmar que “faria tudo de novo se preciso fosse”, torna-se um símbolo de que a luta política não só é possível como conta com bons combatentes.

*Gilson Caroni Filho é professor de Sociologia das Faculdades Integradas Hélio Alonso (Facha), no Rio de Janeiro, colunista do Vermelho, da Carta Maior e colaborador do Jornal do Brasil


Extraído do sempre atualizado blog Oni Presente:




por Mastrandéa

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Homem bom é homenageado em poema épico


E agora?E  agora José ?
A farsa acabou
O apagão chegou
A grana esquentou
E agora José ?
E agora , você ?
Você que é contribuinte e trabalhador ,
Que faz a riqueza de outros ,
Que vota e não é representado ,
Você que twita e esperneia ,
Que ama e protesta ,
E agora José ?
Está sem o aborto ,
Está sem as bolinhas de papel ,
Está sem bandeiras ,
Já não pode mentir ,
Já não pode proibir os fumantes ,
Contar com o silencio da internet livre não pode ,
A noite caribenha esfriou ,
O dia da impunidade não veio ,
O bonde da privatização descarrilhou ,
Não veio uma nova bolinha de papel ,
E tudo acabou ,
Ricardo Sergio fugiu ,
Álvaro Dias silenciou ,
FHC para Paris zarpou ,

E agora José ?
Sua fina lábia ,
Seu instante de defensor da moral e da família ,
Suas obras grandiosas , seus dossiês , suas contas escondidas ,
Seus ternos caros , suas fanfarronices ,
Seu ódio aos blogueiros sujos e jornalistas inconvenientes-e agora José ?
Com a chave na mão ,
quer abrir a porta do partido ,
não existe partido ,
quer morrer no mar , más no mar a Chevron está a pique ,
quer ir para Minas ,
más Minas tem dono .
Solito
José , e agora ?
Se você gritasse ,
Se você gemesse ,
Se você tocasse
A valsa do adeus ,
Se você dormisse ,
Se você cansasse ,
Se você morresse…
Mas você não morre (nem com mil bolhinhas de papel ) ,
Você é duro José !
Sozinho na sua mansão
Qual bicho do esgoto , sem álibi , sem parede de jornalistas
Para se encostar ,
Sem cavalo branco ( de “dos’corgos )
Que fuja a galope ,
Você marcha , José !
José , pra onde ?




Extraído do hilário blog do Professor Hariovaldo: 


http://www.hariovaldo.com.br/site/2012/01/08/homem-bom-e-homenageado-em-poema-epico/


por Mastrandea