(o artista suíço homenageia seus representantes)
7 de setembro de 2013 | 17:26
Um bando de idiotas arrancar do mastro e queimar uma bandeira do Brasil , como fizeram hoje os Black Blocs, nos Rio, é só o que é: a ação de um bando de idiotas.
Bobagem torná-lo um crime – embora tecnicamente o seja – maior.
É um ato que só serve para identificar - mesmo mascarados - quem eles são: pessoas que, embora gritem “fora Globo”, tem o mesmo desprezo que ela por essa identidade que nos mantém íntegros e dá uma mínima – mínima mesmo – proteção contra a voracidade dos interesses dominantes do mundo.
Estes babacas não se deram conta que só nos arrancaram toneladas e toneladas de ouro, boa parte da riqueza porque não tínhamos uma bandeira a nos unir como Nação, e o seu primeiro ensaio, o triângulo vermelho da bandeira mineira de Tiradentes, serviu de mortalha a seu corpo retalhado.
E desde Castro Alves, que preferia vê-la “rota num campo de batalha” a servir ao povo negro de mortalha, lutamos para que ela nunca cobrisse a vileza, a desumanidade, refém de mãos indignas, sem que nós jamais tenhamos confundido-a com a opressão que sob ela se exercia.
Por que? Se ela fosse desimportante, que nos doeria? Um pedaço de pano como qualquer outro, afinal…
Não, um milhão de vezes não. Ele é um símbolo da nossa igualdade, neste país que discrimina pobres, negros, nordestinos, índios e todos os que não fazem parte da elite egoísta que a eles nega e quer negar tudo e só uma coisa não pode recusar: que sejam brasileiros e que tenham nas mãos calosas e ásperas o mesmo voto que as suas, brancas e cuidadas,
E, com isso, o direito de dizer quais serão os ventos que a farão tremular, se os da independência ou os da submissão colonial, que é o paraíso para sua mediocridade.
A bandeira negra que hastearam em seu lugar, enquanto ela ardia não é do anarquismo, é a da pirataria internacional, que nos saqueia e mais quer saltear e adoraria livrar-se deste único pedaço de pano que mitiga a vergonha de uma classe dominante que alimenta seus privilégios com a miséria do povo brasileiro, com o saque ne nosso solo e subsolo, com a predação da vida que viceja exuberante nesse trópico como não viceja lá, na frieza encruada de terras raquíticas com povos gordos.
Eles são apenas estúpidos, incapazes de perceber isso, porque incapazes de amar de verdade seus irmãos brasileiros, que consideram uma massa amorfa, incapaz de pensamentos e de sentimentos.
Não é de povo que querem que se encham as ruas, porque o povo lhes daria meia dúzia de cascudos e os reduziria ao que são, guris inúteis, que jamais viram um trabalhador senão como porteiros do seu prédio ou faxineiras de suas imundícies.
Só quem os tolera, mesmo condenando suas depredações, aprecia sua utilidade como criadores de confrontos que afastam o povo e enfraquece suas aspirações.
Por eles são aceitos, impunes, nutridos dentro de manifestações que levantam “a moralidade” como razão, para as quais dão, pelo confronto violento, o destaque que de outro modo não teriam, pela esqualidez dos que protestam contra todos e contra tudo, embora só tenham um alvo: um governo que, mesmo com todos os seus imensos defeitos, encarna os sonhos de soberania e justiça social deste país.
É que eles nunca viram imoralidade na fome, na mortalidade infantil, no analfabestimo, no saque de nossas riquezas, na entrega do nosso petróleo.
Por isso é que toleram suas traquinagens adolescentes, até mesmo queimar a bandeira brasileira.
São uns tolos, que o monstro do autoritarismo – se conseguirem despertá-lo, com as suas barulhentas bagunças – varrerá de pata.
Entretanto, não o farão, porque o povo brasileiro não aceita mais ser tutelado, nem ser saqueado. Seja pelos trocados da corrupção seja, sobretudo, pelos bilhões das perdas que um sistema econômico injusto e pela não-distribuição da riqueza nacional, contra as quais não se vê um mísero cartazinho.
Eles nasceram da mídia e só por ela sobrevivem, porque lhes servem, mesmo enjeitados nos seus editoriais.
Porque eles, filhos de uma escuridão mais opaca que suas roupas e capuzes, não podem sobreviver à luz do dia e do debate.
Mais demoracia, mais! Isso é um veneno para os idiotas da sombra.
Por: Fernando Brito
Do TIJOLAÇO
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