quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

A Argentina e nossa mídia escrota



Para quem não tem como saber o que acontece na Argentina pela cobertura vagabunda dos meios de comunicação locais (e para quem quer saber como é um governo da "direita moderna").
Mauricio Macri usou uma liminar para impedir que Cristina Kirchner passasse os atributos a ele. Não foi um "capricho" dela, como se leu por aí, foi uma liminar da justiça!
Provavelmente algo inédito na história do mundo "democrático". E os motivos ficaram evidentes no dia da posse e no anterior. Enquanto o ato de despedida de Cristina Kirchner encheu a Praça de Maio (encheu mesmo, não é exagero meu) no dia 9, a posse de Macri no dia 10 não levou nem 1/3 do número de participantes. Claramente Macri não queria que esse fosse o tom do dia 10, mais gente nas ruas por Cristina que por ele, então fez de tudo para ela não estar.

Para quem comprou o discurso que o governo K era autoritário, explique como em 5 dias de governo, Macri já assinou mais decretos presidenciais (aqueles que significam passar por cima do Congresso) que Cristina K em seus 8 anos de mandato. Repito para quem não entendeu: o "moderno" Macri usou mais vezes os decretos presidenciais em 5 dias que a "populista" Kirchner em 2920 dias!
E entre os decretos de Macri estão a derrogação, na prática, de duas leis importantíssimas, a Lei de Meios tão respeitada no Brasil e a Lei de Educação que estabelece como meta o investimento de 6% do PIB nesse setor. Assim, com canetadas, ajuda o grupo Clarín e diminui os "gastos" do Estado.
Também, ao melhor estilo dos republicanos, já cortou os impostos dos mais ricos, eliminando as retenções do campo. As retenções eram imposições sobre o agronegócio exigindo que uma parte das colheitas fosse vendida no mercado nacional, impedindo o desabastecimento e que os produtos tivessem preços mais acessíveis por não seguirem o mercado internacional. Como resultado dessa liberação total, a inflação medida desde que ganhou Macri até hoje, quase triplicou. Já sabendo que "o governo deles" tinha ganhado, produtores e intermediários, como supermercados, fizeram uma remarcação violenta dos preços (que agora se chama pela mídia pró-Macri de "sinceramento" dos preços - ou seja, os preços como "deveriam ser"). Sendo que uma das maiores críticas ao "populista" governo K era a inflação.
Apesar das promessas, os cortes de impostos para os trabalhadores que ganham salários mais altos não aconteceu, apesar do apoio de dirigentes da CGT, inclusive do caminhoneiro Hugo Moyano (que dirigiu várias greves gerais contra o governo K)
E em janeiro vamos ter tarifaço em serviços públicos, luz e gás. O tal fim do "cepo cambiário" (cepo quer dizer armadilha para pegar animais, mas no caso seriam restrições) não aconteceu, mas vai com certeza. Agora, todos os argentinos anti-K xingavam ao falar desse cepo, só que na prática são quase as mesmas restrições que existem no Brasil e em qualquer outro país com regras. O que não era a Argentina dos anos 90. Restrições à compra de moeda estrangeira, restrições ao envio de dinheiro ao exterior, etc. Elas também existem no Brasil, ninguém pode comprar milhares de dólares sem autorização, sem comprovar de onde vem o dinheiro, etc. O problema aqui é que a economia é semi-dolarizada, com imóveis sendo vendidos em dólar e coisas assim. Sem contar que o argentino médio cai no golpe do "economizar em dólar" e acha que comprar a moeda gringa e guardar no colchão é um bom negócio. Não adianta mostrar estatísticas e comparação com outros investimentos, é pura perda de tempo. Espera-se uma forte desvalorização da moeda, o que é sempre bom para quem tem muito dinheiro e ruim para o resto.
Para finalizar, o dita...presidente Macri ainda indicou, por decreto, sem passar pelo Senado dois juízes para as vagas no Supremo Tribunal. Algo que só aconteceu duas vezes antes na Argentina durante processos ditatoriais. Nunca se viu algo assim antes, indicar juízes passando por cima de todos os critérios democráticos. Ele também forçou a saída de vários funcionários que possuem independência dos governos eleitos, como o presidente do Banco Central (que diz ter sido ameaçado de morte) e da Procuradora-Geral da Nação que possuem mandatos votados pelo Congresso e independentes do governo de turno. Um estilo claramente mafioso de governar.
Na minha opinião, a direita moderna é igualzinha à direita tradicional, tanto em seus objetivos quanto em seus métodos. O bom disso tudo é que nesses cinco dias de desgoverno Macri já aconteceram mobilizações no país todo em defesa da Lei de Meios e em apoio à Procuradora. A próxima é dia 17, depois de amanhã. Ah, e pela primeira vez em muitos anos, posso falar pelos 7 que estou aqui, na manifestação contra o fim da Lei de Meios foi a primeira vez que se voltou a ver, em plena Praça de Maio, caminhões-tanque daqueles usados na repressão em São Paulo. Por enquanto estavam só estacionados.
Uma pequena atualização, se lembrar de mais alguma coisa, dou uma editada.

 Marcelo Barbão em seu facebook:

https://www.facebook.com/marcelo.barbao/posts/10153942490454750?fref=nf



segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Rosa dos Ventos: O Intruso Lula


Da Carta Capital

Lula
cometeu um “erro” fundamental, nos oito anos na Presidência da República, ao oferecer a 40 milhões de excluídos da sociedade o status de cidadãos brasileiros. Ele paga o preço.
Uma parcela da população facilmente identificável reage a isso e se horroriza, por exemplo, com a frequência dos novos passageiros de aviões. Eles teriam dado aos aeroportos uma aparência de rodoviária. Eis aí um preconceituoso ponto de vista. 
Mas há uma hostilidade precedente a esta. Foi motivada pela ascensão de Lula, um ex-operário metalúrgico que chegou ao topo do poder. Em 2002, na 19ª vez em que foi às urnas para eleger um presidente, o eleitor subverteu a regra imperante, em 103 anos de uma República mal resolvida, e elegeu o filho do excluído Aristides Inácio da Silva, falecido 15 anos antes. Por falta de documentação, foi enterrado como indigente. 
Antes de Lula, a regra para ingressar no “Clube dos Eleitos” exigia um diploma de bacharel. Em alguns casos, a porta foi arrombada por alguém com uma espada na mão. Excluída a intromissão ilegal dos militares valem, para esta constatação, os eleitos pelo voto popular.
Os presidentes-advogados prevalecem: Prudente de Morais, Campos Sales, Rodrigo Alves, Afonso Pena, Nilo Peçanha, Venceslau Brás, Epitácio Pessoa, Artur Bernardes, Washington Luís, Getúlio Vargas e Jânio Quadros. Além do médico Juscelino Kubitschek, do economista Fernando Collor de Mello e do sociólogo Fernando Henrique Cardoso.
A expressão “Clube dos Eleitos” é de FHC, criada muito antes de ele próprio chegar ao poder com o diploma de sociólogo em mãos. A porta do clube abriu-se comodamente para o vaidoso FHC, mas não engoliu um inesperado metalúrgico. 
Lula tornou-se um intruso ou, popularmente, um penetra no “Clube dos Eleitos”, mas não assinou a ficha de sócio. 
O pernambucano Lula, imbuído de alma popular, não migrou de classe. E tem a compreensão desse processo. Em entrevista recente, referiu-se a isso ao fazer o contraponto entre ele e FHC, chamado por seus pares de “príncipe da sociologia”. “Ele tem um problema comigo, que é um problema de soberba. Ele sofre com o meu sucesso.” 
Segundo Lula, o ex-presidente tucano, ao deixar o poder após dois mandatos, teria pensado assim: “O Lula vai ganhar, é um coitadinho. Não vai saber nada, não vai dar certo. Quando chegar em 2006, eu vou voltar pelos braços do povo (...) Acontece que, quando o meu governo teve sucesso, em vez de dizer ‘eu ajudei esse menino a vencer’, ele começou a ficar com bronca”.
Lula não tem alternativa política. De frase em frase, ele vai se aproximando da inevitabilidade da candidatura em 2018. A última declaração dele foi incisiva: “É importante defender um projeto político de inclusão. Para defender esse projeto, eu estou disposto a ser candidato”.
Em vez de cadeia, talvez a cadeira presidencial.
 
http://www.cartacapital.com.br/revista/876/o-intruso-lula-865.html

terça-feira, 6 de outubro de 2015

Bandido bom é bandido morto




SOBRE A "PESQUISA DE OPINIÃO" QUE ESTÁ SENDO PUBLICADA HOJE NA MÍDIA COMERCIAL...


<< Jesus passou a vida arrumando treta por questões sociais. Defendeu assassino, ladrão, puta, pobre e leproso.
Juntou uma galera pra defender a causa. Começou a fazer barulho. Conquistou o desafeto da classe média e da elite (ponto pro cara).
Considerado subversivo, foi preso pelo Império.

 A classe média pedia pena de morte, mas o crime não a justificava. Pôncio Pilatos jogou o b.o. pra Herodes. Herodes se ligou na mesma coisa e devolveu o b.o..
Pilatos deixou pra galera decidir. Bem pensado, porque desde aquele tempo, o povo já tava cheio de dateninha linchador.
O cara foi executado ouvindo piadinha de justiceiro.
E não foi morto "entre" bandidos. Foi executado pelo Estado COMO bandido - subversivo, que de fato era.

Enfim, o messias cristão foi um sujeito engajado em questões sociais, executado como bandido pelo Estado sob os aplausos dos justiceiros.
Então, Jesus, se você estiver lendo isso e pensando em voltar, fica esperto:

Essa "gente de bem" de hoje em dia vai te matar de novo enquanto come bacalhau e ovo de Páscoa. >>


+ Sobre a tal "pesquisa": http://g1.globo.com/…/para-metade-do-pais-bandido-bom-e-ban…


**Imagem e texto da guerreira Beatriz Lobato

( Encontrado no feicebuque - imagem e texto originais)

sábado, 29 de agosto de 2015

Fernando Haddad: o Prefeito que só faz ciclovias


EDUCAÇÃO
• 33 creches (mais de 6 mil vagas de Educação Infantil)
• 15 EMEIs (7.480 vagas de Educação Infantil)
• 13.799 novas vagas de Educação Infantil pela rede conveniada
• 32 polos da Universidade Aberta do Brasil, com 6 mil vagas só em 2014 e 1 polo da Universidade Aberta da Pessoa Idosa no Cambuci
• 4 Centros de Educação em Direitos Humanos 8 Telecentros 16 polos de Educação Ambiental

SAÚDE
• 10 Rede Hora Certa, sendo 6 fixas e 4 móveis
• 4 Unidades Básicas de Saúde – UBS
• 1 Unidade de Pronto Atendimento – UPA
• 434 novos leitos em hospitais
• 3 hospitais readequados
• 2 CAPS Álcool e Drogas III Piloto do Prontuário Eletrônico do Paciente

MOBILIDADE
• 326,8 Km de faixas excluídas de ônibus, beneficiando 80% da população
• Bilhete Único Mensal, Semanal e Diário
• Pontilhão do Rio Embu-Guaçu
• Viaduto Itaquera
• Central de Monitoramento Semafórico: 3.109 semáforos reformados e 551 NoBreaks
• Programa de Proteção ao Pedestre
• 101.600 m² de calçadas acessíveis
• Acessibilidade em 68,7% da frota de ônibus

HABITAÇÃO
• 2.404 unidades habitacionais
• 8 favelas urbanizadas
• 21.723 famílias beneficiadas com Regularização Fundiária

DESENVOLVIMENTO SOCIAL
• 270 mil famílias inseridas no Cadastro Único
• 80 mil famílias cadastradas no Bolsa Família
• 24.818 vagas de PRONATEC, sendo 574 para população em situação de rua
• 122 beneficiários do Braços Abertos em tratamento para dependência
• 8.214 microempreendedores formalizados
• 5.607 vagas de Educação de Jovens e Adultos
• 4 Serviços de Acolhimento Institucional à população em situação de rua
• 16 Consultórios na Rua com tratamentos odontológicos e relacionados ao abuso de álcool e outras drogas
• Centros de Formação e Acompanhamento à Inclusão de crianças com necessidades especiais revitalizados
• 3 residências inclusivas para pessoas com deficiência

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E TECNOLÓGICO
• Agência de Desenvolvimento de São Paulo – ADESampa com 30 polos em funcionamento SP Negócios
• Agência de fomento e promoção de negócios Programa de Incentivos Fiscais para a Zona Leste
• Programa VAI TEC
• Terreno para o UNIFESP em Itaquera e o Instituto Federal em Pirituba

CULTURA
• Reabertura do Cine Belas Artes
• Criação da Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo – SPCine
• Centro de Formação Cultural Cidade Tiradentes
• Readequados 85 Pontos de Cultura
• 150 Bolsas Cultura
• 48 projetos de teatro, 45 de dança e 60 de cinema apoiados
• 238 projetos apoiados pelo Programa de Valorização das Iniciativas Culturais, modalidades 1 e 2

ESPORTE
• 32 equipamentos esportivos abertos 24h em 11 subprefeituras
• 21 equipamentos esportivos requalificados Requalificação do Clube Tietê para abertura ao público

CIDADE E DESENVOLVIMENTO URBANO
• Revisão do Plano Diretor
• 14 obras do Programa de Redução de Alagamentos
• 18 Ecopontos
• Programa de Compostagem Doméstica
• Programa de Feiras Sustentáveis
• 158 mil mudas de árvores plantadas
• 24 praças públicas com Wi-Fi livre (Praças Digitais)
• 1.856 lâmpadas LED e 44 fotovoltaicas (solares)
• 400 núcleos da Defesa Civil – NUDECs cadastrados


Via Rose Martins, usuária do Facebook

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Professora da Rede Estadual/SP pede socorro.



O desabafo de uma professora da SP tucana​


(Carta enviada ao PHA)

Guarulhos, 14 de abril de 2015.


Prezado Paulo Henrique Amorim,

Sou professora efetiva da Rede Estadual de Ensino de São Paulo, da Diretoria de Guarulhos Sul. Como leitora assídua do DCM, CAF e de seus artigos, gostaria de sua atenção, para divulgar a violência sofrida pelos professores, fora do âmbito da criminalidade. Uma violência que, infelizmente, nem os próprios docentes percebem serem vítimas. Educação pública virou mercadoria de baixo valor, consequentemente, seus operários não precisam ser ouvidos ou bem remunerados, nem mesmo precisam de condições econômicas de profissionais de mesmo nível de formação. É constrangedor incentivar nossos alunos a estudar, dada essa situação.


Estou em greve, juntamente com milhares de professores da Rede Estadual de SP (efetivos, categorias A, B, Z), desde o dia 13/03/2015. No entanto, Geraldo Alckmin já escreveu o fim do que considera uma “novela”: o vilão sempre vence e sua imagem pública de bom gestor, fica ilesa no final.


Até a data de hoje, o Governador menospreza a greve, divulga incansavelmente meias verdades com pitadas de mentiras, repetidamente veiculadas pelos meios de comunicação que a escondem. Nem mesmo quando uma Avenida 23 de Maio é percorrida e bloqueada em sua extensão, por professores em plena quinta-feira, em véspera de feriado, no dia 02/04/15 por quase quatro horas do horário de pico na cidade!


Na última sexta-feira (10/04/15), ficamos por cerca de uma hora em frente ao Palácio dos Bandeirantes e, de lá, caminhamos até a Ponte Estaiada, com parada em frente à sede da Rede Globo. Um movimento que teve início às 14 horas e somente terminou por volta das 21! Mais uma vez, apenas uma nota de rodapé nos telejornais.


A divergência sobre a quantidade de manifestantes (eu que sempre estou entre eles, posso garantir que são milhares), certamente é cômica: “haja margem de erro”. Muitos ou poucos, não é a questão, o problema é o contrassenso. A quantidade de manifestantes contra o PT e o Governo Dilma não chega a 1% da população do país, no entanto, mereceu 24 horas de cobertura de toda a mídia no dia 15 de março e o fato de ter sido menor no último dia 12/04, continuou e continua a ter destaque e importância supervalorizada, além das pesquisas de opinião. Ah…As pesquisas de opinião… Será que o Governo Estadual aceitaria uma pesquisa de opinião entre todos os servidores? Poderia ser apenas entre professores, para não ser tão humilhante. Seria um bom desafio.


Na greve de 2010, alegavam que apenas 1% estava em greve. Hoje, para não admitirem 9%, afirmam que 91% dos docentes estão trabalhando “normalmente”. Essa normalidade consiste em escolas funcionando parcialmente, com alunos nos pátios, nas quadras, inspetores tomando conta de turmas, salas de várias turmas assistindo a filmes, professores eventuais se sujeitando a cobrir aulas de professores efetivos, além do assédio moral das Diretorias sobre Gestores das Unidades Escolares. E a imprensa? Visita escolas que estão “funcionando”, nunca as que estão 100% paralisadas.


O Governo sabe da dificuldade em articular, manter e estender uma greve por uma categoria que mal tem condições de fazer um fundo de greve, muito menos ficar sem salário. A divisão entre efetivos, contratados, temporários, estáveis e demais sopa de letras dificultam a união desses profissionais. Se algo não mudar isso sempre será uma novela com final feliz para o tão eficiente Governo tucano que sucateou as escolas públicas estaduais. Sem mencionar os reajustes no início de 2015 para dirigentes, gestores e demais “capitães do mato” espalhados por toda a rede. São “professores” afastados , fora do combate diário com alunos, exercendo cargos de confiança sob a ameaça permanente de serem “cessados”. Um capítulo à parte que também merece discussão.


Voltando aos fatos. O Governo de São Paulo não cumpre a jornada do piso ( Lei Federal 11738/2008,Art 2º § 4º, ardilosamente manipulada pela Resolução SE 8 de 19-01-2012 D.O.20/01/12 Executivo I ).


Todos os trabalhadores, possuem data-base para discussão de reajuste salarial, o professor, tem reajuste somente a gosto do governador. Apesar de março ser o mês de dissídio da categoria.


No Governo Serra, ficamos 4 anos sem reajuste salarial. No final do mandato, conquistamos uma composição em parcelas anuais: gratificações incorporadas ao salário base e reajuste parcial das perdas que sofremos nos últimos anos, que ficaram longe de recompor nossas perdas e não foram os 45% divulgados, já que mais de 15% desse valor, já recebíamos “por fora”. Com a Lei 1107/2010, houve um reajuste que absorveu toda essa Gratificação por Atividade de Magistério – GAM, que, de acordo com a Lei Complementar nº 977, de 06 de outubro de 2005, correspondia aos 15% da remuneração do profissional do Magistério e de acordo com o calendário aprovado, foi feito em 3 etapas anuais (2010/11/12), sendo que, a cada ano, até Julho de 2014, ou seja, em 4 anos houve uma diluição dos verdadeiros percentuais de reajuste que totalizaram cerca de 27%. Agora fica muito clara a perda do poder de compra após 8 anos. Não cobre a inflação acumulada, muito menos enaltece o discurso de que o Estado de São Paulo paga 26% acima do piso, percentual que chegava a 60% quando a Lei 11738 foi sancionada em 2008. Desde então, assistimos a perdas de condições de trabalho, perdas de direitos trabalhistas, perda da dignidade e do orgulho da profissão. Estamos adoecendo…


Estamos em greve pelo reajuste do ano corrente (já informado que será de 0%) e pela mudança dessa política de bonificações extremamente injusta (castigo para quem não atinge “metas” e esmola para quem supostamente as atinge, já que o critério não serve de parâmetro para considerar nem o mérito coletivo, nem individual das escolas). Além de ser escandalosamente desproporcional para cada profissional do quadro. O Governo alega que há provas anuais (LC 1143/11) para aumentar o salário por “mérito”, prova que é realizada anualmente, mas permitida a cada docente, com interstícios de 4, 5 e até 6 anos com uma série de restrições impeditivas que nem sempre dependem da vontade do servidor, como estar alocado em uma mesma unidade por mais de 3 anos ou estar em efetivo exercício em data-base. Isso não depende da vontade de um professor contratado, pois ele é obrigado a dar aulas onde há aulas a serem atribuídas. Com o fechamento de salas, até professores efetivos terão esse problema.


A prova consiste em obter uma média entre prova objetiva e prova dissertativa, porém, os critérios de correção das provas dissertativas não são transparentes e expostas. Em 2014, os recursos não foram respondidos, foram simplesmente “indeferidos por serem improcedentes”. Professores muito bem avaliados nas faixas iniciais não “souberam escrever” em 2014, não mereceram a promoção. Isso, no mínimo, é questionável. Há inúmeros casos de médias da faixa III para a faixa IV não atingidas por décimos (A média precisa ser de 7 inteiros para faixa IV a maior desde a implantação. O arquivo com as notas de todos os candidatos foi disponibilizada no site da Vunesp e baixada por vários candidatos, antes de, misteriosamente, ter ficado indisponível por alguns dias.


Para concluir, o Estado “varreu” os milhares de alunos “evadidos” de seu sistema, o que possibilitou o fechamento de salas em todas as escolas da Rede. Pergunta: onde estão esses alunos? Morreram? Evaporaram? Vamos fingir que não existem? Ou simplesmente esperar que comecem a aparecer nas listas dos presos ou “apreendidos”? Ninguém é responsável por esses menores? Isso é muito grave.


Se realmente queremos uma sociedade de pessoas que tenham condições de escolher como desejam viver, precisamos nos preocupar com a qualidade da formação de nossos jovens e futuro professores. Um professor precisa de boa formação, tempo para estudar, vivenciar, ter acesso à cultura e aos avanços tecnológicos. Para quem trabalha os três períodos, muitas vezes em mais de uma Unidade e com as condições atuais, nem que seja vocacionado para a caridade. Faltam​-lhe saúde e forças para não arrefecer e sucumbir aos males desse círculo perverso.


No desejo de ser ouvida, subscrevo-me.


Atenciosamente,
Professora Fátima Mayumi Ioneda Hatano

Do Conversa Afiada

http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2015/04/14/o-desabafo-de-uma-professora-da-sp-tucana%E2%80%8B/#.VS3rQpRQcV8.facebook

quinta-feira, 9 de abril de 2015

A LEGALIZAÇÃO DO GATO: A EXPROPRIAÇÃO DO TRABALHADOR





Antes de descrever o circo de horrores em que se transformou a Câmara de Deputados Federal, com o seu Presidente, notório corrupto a serviço de quem lhe propina, vedando o acesso dos trabalhadores às galerias, mas liberando-as para os empresários, explico, para os que não sabem, o que é um "gato".

É prática, na área rural brasileira, para evitar vínculos trabalhistas com os trabalhadores, os proprietários rurais contratarem trabalhadores diaristas, avulsos.

Para evitar problemas com o Ministério do Trabalho, o que fazem? Terceirizam o recrutamento desses trabalhadores, e o negócio funciona assim: um sujeito tem um caminhão que, na estrada vem recolhendo os trabalhadores que o esperam, sentados no chão, e os distribui nas fazendas.

No início da noite passa pelas fazendas, recolhe os trabalhadores e os deixa nos mesmos lugares em que os pegou de madrugada.

No final da semana os donos das fazendas pagam o combinado, ao dono do caminhão, que paga aos trabalhadores, ficando com a diferença.

Esse intermediário é chamado de "gato".

Há 11 anos dormia nas gavetas da Câmara um projeto de emenda constitucional (PEC), de número 4330, que regularia o trabalho terceirizado no Brasil, criando a isonomia (igualdade de direitos) entre terceirizados e não terceirizados.

Oportunisticamente, um congresso onde 70% dos parlamentares tiveram as suas campanhas eleitorais custeadas por empresas, atendendo ao empresariado brasileiro, modificou o texto original, estendendo a terceirização a todos os setores da economia brasileira, o que abre a brecha para que todos os brasileiros sejam terceirizados.
Na prática é a oficialização do gato, ou a criação do gato urbano, com o caminhão substituído por um escritório.

Ontem o Congresso aprovou o regime de urgência para a matéria, que será votada hoje.

E o que muda para o trabalhador?

Pela legislação atual, os trabalhadores ligados a atividade fim da empresa não podem ser terceirizados, só os de serviço complementar.

Assim, um banco, por exemplo, que tem por finalidade realizar transações financeiras, é obrigado a ter todos os seus funcionários ligados a essas transações, da diretoria aos caixas e escriturários, ligados diretamente à empresa, podendo terceirizar os serviços complementares: segurança, faxina, transporte de valores...
Uma escola não pode terceirizar os professores e pedagogos, só o pessoal de apoio: pessoal de cozinha, de limpeza...

Pela PEC 4330, TODOS os trabalhadores de qualquer empresa particular ou pública, inclusive funcionários públicos, podem ser terceirizados, o que muda tudo.

Com o passar do tempo só haverá trabalhadores terceirizados, no Brasil, com as empresas reduzidas às suas direções, acabando com os vínculos trabalhistas, substituídos por contratos temporários ou assinaturas de carteira profissional (fichamento) a título precário, sem garantias trabalhistas e com salários menores.

Uma coisa é ser funcionário da Petrobras, outra, ser empregado de uma pequena empresa que presta serviços para a Petrobras, por exemplo.

Uma coisa é ser um médico de um hospital, outra, ser um médico contratado de um escritório que intermedia médicos e hospitais, ou professores e escolas.

Na prática o que essa lei embute, disfarçadamente é o fim da CLT, substituída pelo Código Civil, porta aberta para que se acabem todos os direitos trabalhistas.

O PT e o PC do B estão visceralmente contra essa barbaridade, que atrasa o relógio da história brasileira em mais de 60 anos, nos levando ao primeiro governo de Getúlio Vargas, antes dele ter criado a CLT, o que fica evidente quando um parlamentar tucano, discursando se trai: "chega de olhar para o passado, o negócio é olhar para a frente".
O velho sonho da UDN reencarnada no PSDB se realiza: depuseram Getúlio, pelo suicídio, depuseram Jango, no Golpe de 64, e agora tentam depor Dilma, ao mesmo tempo que adequam a legislação, para nos levar de volta ao cativeiro, agora numa nova senzala, chamada empresa terceirizada.

O empresariado, até agora comprador do trabalho do proletariado, com essa lei passa a ser proprietário do trabalhador, tanto quanto é dono das suas máquinas e estoques, podendo deles dispor como quiser, com tudo previsto em contrato com a empresa terceirizada.

Vem aí o fim da relação patrão-empregado, substituída por trabalhador avulso-intermediário e, para quem entende Marx, o óbvio: produção de mais valia para o intermediário e para o contratante do intermediário, a duplicação da exploração, e com pequenas chances de defesa: as inúmeras pequenas empresas contratantes, intermediárias, vai pulverizar de tal maneira os trabalhadores, que o sindicalismo brasileiro vai para o brejo.

Se até agora as demandas judiciais trabalhistas tinham a favor do trabalhador lesado o patrimônio da empresa que o lesou, agora, como vendedores de trabalho para empresas pequenas, reduzidas a escritórios, o que veremos será trabalhadores vítimas de calotes, muitos calotes, inclusive com a queda da arrecadação, porque é prática usual a constituição de pequenas empresas que não recolhem tributos, dão calotes na praça e depois fecham.

A precariedade das relações entre os trabalhadores e as empresas intermediárias, com alta rotatividade da mão de obra inibirá, fatalmente as manifestações de trabalhadores, vulnerabilizados pela possibilidade de desemprego por qualquer motivo.

A mídia, também ela beneficiária, está calada, sem esclarecer ou pelo menos noticiar, limitando-se a mostrar os trabalhadores em conflito com os seguranças do Congresso e com a Polícia Militar, mas sem dizer porque.

Nas redes sociais pouquíssimos comentários.

Sorrateiramente o Congresso Nacional Brasileiro vai se tornando um governo paralelo, impondo ao povo o sonho dourado do capital, desmontando um a um os projetos do executivo.

Já o povo... Aumentando cada vez mais o ódio aos que, apesar de tudo, continuam a defendê-lo.


Vem aí a passeata organizada pelos donos dos gatos, os novos donos da classe trabalhadora.

Francisco Costa
Rio, 08/04/2015.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

"De repente, todo mundo aqui no Gigante Acordado é Charlie"




Por Pedro Munhoz, em seu Facebook

Começam a pulular por aqui as "análises" que comparam o atentado na França com a inglória, sangrenta e cruel perseguição (rysos) que a Califa Ibn Rousseff tem engendrado contra a liberdade de imprensa no Brasil.

De repente, todo mundo aqui no Gigante Acordado é Charlie. Mainardi, o enfant terrible de meia idade cuja função intelectual é desfilar impropérios rococós contra o Partido dos Trabalhadores lá em Veneza, transmutou-se em Charlie.

Felipe Moura Brasil, colunista de Veja e editor daquele livro do Mestre Olavo sobre ser um idiota também é Charlie. La Sheherazade, musa do senso comum, campeã do cristianismo de várzea e rainha dos comentaristas de portais de notícia, adivinhem! também é Charlie.


Não vi se o Constantino foi declarado Charlie ou não, mas tenho certeza que ele é Charlie. Gentilli é Charlie, Lobão é Charlie, somos todos Charlie.

Nesse país onde a presidenta, pessoalmente, sai por aí disparando tiros de Kalishnikov contra todos que a criticam; onde as pessoas não ousam criticar o PT por medo da morte; onde as redes de televisão foram alvo de atentados a bomba por parte de militantes petistas mascarados, se você não for Charlie, meu amigo, você está contra o Charlie.

Agora, peço a licença dos meus amigos Charlies para assistir um pouquinho de Globonews, enquanto eu me indigno com a falta de liberdade de expressão em meu país. 

Pela atenção, obrigado.